segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

PARA REFLETIR !

O BISCOITO
Fazia muito frio naquele aeroporto e a jovem ficou extremamente insatisfeita quando notou no painel que o seu vôo sofria atraso em razão da nevasca que impedia o pouso e a decolagem das aeronaves. Contrariada, pensou numa maneira de "passar o tempo". Comprou um livro, que a tempos queria ler, um pacote de biscoitos, e procurando proteger-se do frio, escondida dentro de vários casacos, sentou num banco ao lado de um senhor.
Então a mulher começou a folhear o livro e, num misto e espanto e indignação, notou o homem apanhar um biscoito do pacote. Pega de surpresa, limitou-se também, a apanhar um biscoito. O homem também o fez. E assim ocorreu sucessivas vezes. A cada biscoito que ela pegava, o homem também o fazia. Em silêncio, ela fazia o pior juízo do desconhecido que, petulante comia a metade dos seus biscoitos. Irada pensou em diversas vezes em levantar e dizer os maiores desaforos ao homem. Chamar a polícia. Tomar os biscoitos e sair dali, sujeitinho desaforado, biltre, cafajeste, etc... pensava ela.
De repente sobrou só um biscoito no pacote. Num gesto que ela tomou com afronta, o homem apanhou o biscoito repartiu-o ao meio, devolvendo a outra metade ao pacote que ela apanhou. Pensava ainda no deboche do sujeito quando o viu levantar-se e seguir rumo ao portão de embarque. A nevasca cessava e o vôo do homem mais inconveniente com quem ela já tivera o desprazer de dividir o mesmo espaço, pensou, partiria dentro de instantes. Meia hora depois, quando ainda remoía dentro de si os piores pensamentos entre o homem, ouviu anunciarem o seu vôo. Aliviada, levantou-se e teve uma surpresa em meio a seus pertences, viu um pacote de biscoitos. O seu pacote de biscoitos.
Num segundo compreendeu o ocorrido. Desejou, ardentemente, ter ali o homem para poder pedir-lhe desculpas por todas as barbaridades que dele havia pensado. Agradecer-lhe a resignação com que a vira devorando seu pacote de biscoitos. O pacote que ela pensava ser dela. Sua bondade infinita, que repartira com ela até o último biscoito. A compreensão e meiguice para com o erro alheio já era tarde. O homem partira e ela, provavelmente, nunca mais o veria. Não teria como retribuir o carinho com que a tratara.
Assim ocorre conosco, às vezes , fazemos julgamentos, decretamos sentenças e não vemos o quanto estamos errados. Não damos o nosso apoio e nossa afeição aos que cometem erros e precisam de nossa ajuda. Quando chegar o arrependimento, talvez não dê tempo para ro estrago.

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