Descobrimento do Brasil
Pedro Álvares Cabral saiu da praia do Restelo, em Lisboa, ao meio-dia do dia 9 de março de 1500, uma segunda-feira. Vieram em dez naus e três caravelas, trazendo um total de 1500 pessoas. A viagem levou 44 dias. No dia 22 de abril de 1500, Cabral ancorou em frente ao Monte Pascoal (536 metros de altura).
Uma das naus desapareceu no dia 23 de março de 1500. Era a comandada por Vasco de Ataíde e tinha 150 homens. Os outros barcos fizeram dois dias de buscas, mas nada encontraram. Então, seguiram viagem.
Cabral, de 32 anos, era casado com uma das mulheres mais nobres e ricas de Portugal. Isabela de Castro era neta dos reis Dom Fernando de Portugal e Dom Henrique de Castela. Ele foi nomeado capitão-mor da esquadra em 15 de fevereiro de 1500.
A nau capitânia, comandada por Cabral, tinha capacidade para 250 tonéis. Ao todo, havia 190 homens a bordo.
As embarcações ancoraram a 36 quilômetros do litoral brasileiro. No dia seguinte, chegaram mais perto da costa. Foi aí que avistaram sete ou oito homens andando pela praia. Nicolau Coelho, Gaspar da Gama, um grumete e um escravo africanos foram os primeiros a desembarcar. O grupo na praia já aumentara para vinte homens, todos nus.
Os nativos se aproximaram do barco apontando seus arcos e flechas. Nicolau Coelho fez sinal para que eles largassem as armas, o que foi obedecido. Ainda de dentro do barco, ele atirou um gorro vermelho, um sombreiro preto e a carapuça de linho que usava. Em troca, os índios lhe deram um cocar e um colar de pedras brancas. Esses primeiros índios encontrados pelos portugueses eram da tribo tupiniquim.
Em 2 de maio, a expedição deixou o país e seguiu para as Índias. A missão de Cabral era instalar um entreposto em Calicute, principal centro das especiarias.
Cabral era considerado uma espécie de chefe militar da esquadra. Por isso, a frota incluía tantos comandantes experientes, como Bartolomeu Dias, o primeiro a contornar o sul do continente africano, transformando o cabo das Tormentas em cabo da Boa Esperança; ou Nicolau Coelho, que havia participado da primeira viagem marítima às Índias, chefiada por Vasco da Gama. Gaspar Lemos foi enviado de volta a Portugal para anunciar ao rei Manuel I a descoberta do Brasil.
Havia um total de oito frades na frota de Cabral, liderados por frei Henrique de Coimbra. Cabral levava uma imagem de Nossa Senhora da Boa Esperança, colocada numa capela especialmente construída no convés de sua embarcação.
Pedro Álvares Cabral recebeu 10 mil cruzados pela viagem. Cada cruzado valia 3,5 gramas de ouro. Ele poderia ainda comprar 30 toneladas de pimenta, com seus próprios recursos, e transportá-las gratuitamente no navio. A Coroa se comprometia a comprar o produto pelo preço de mercado em Lisboa (sete vezes mais que nas Índias).
Cada marinheiro poderia trazer 600 quilos de pimenta e fazer o mesmo. Entretanto, poucos voltaram. Além da nau que desapareceu e da outra que voltou a Portugal com a notícia do descobrimento, outras seis afundaram. Das treze, portanto, apenas cinco conseguiram retornar para casa.
Nenhum desenho da frota cabralina sobreviveu. Foram destruídos no terremoto seguido de incêndio que consumiu Lisboa em 1755.
Pedro Álvares Cabral saiu da praia do Restelo, em Lisboa, ao meio-dia do dia 9 de março de 1500, uma segunda-feira. Vieram em dez naus e três caravelas, trazendo um total de 1500 pessoas. A viagem levou 44 dias. No dia 22 de abril de 1500, Cabral ancorou em frente ao Monte Pascoal (536 metros de altura).
Uma das naus desapareceu no dia 23 de março de 1500. Era a comandada por Vasco de Ataíde e tinha 150 homens. Os outros barcos fizeram dois dias de buscas, mas nada encontraram. Então, seguiram viagem.
Cabral, de 32 anos, era casado com uma das mulheres mais nobres e ricas de Portugal. Isabela de Castro era neta dos reis Dom Fernando de Portugal e Dom Henrique de Castela. Ele foi nomeado capitão-mor da esquadra em 15 de fevereiro de 1500.
A nau capitânia, comandada por Cabral, tinha capacidade para 250 tonéis. Ao todo, havia 190 homens a bordo.
As embarcações ancoraram a 36 quilômetros do litoral brasileiro. No dia seguinte, chegaram mais perto da costa. Foi aí que avistaram sete ou oito homens andando pela praia. Nicolau Coelho, Gaspar da Gama, um grumete e um escravo africanos foram os primeiros a desembarcar. O grupo na praia já aumentara para vinte homens, todos nus.
Os nativos se aproximaram do barco apontando seus arcos e flechas. Nicolau Coelho fez sinal para que eles largassem as armas, o que foi obedecido. Ainda de dentro do barco, ele atirou um gorro vermelho, um sombreiro preto e a carapuça de linho que usava. Em troca, os índios lhe deram um cocar e um colar de pedras brancas. Esses primeiros índios encontrados pelos portugueses eram da tribo tupiniquim.
Em 2 de maio, a expedição deixou o país e seguiu para as Índias. A missão de Cabral era instalar um entreposto em Calicute, principal centro das especiarias.
Cabral era considerado uma espécie de chefe militar da esquadra. Por isso, a frota incluía tantos comandantes experientes, como Bartolomeu Dias, o primeiro a contornar o sul do continente africano, transformando o cabo das Tormentas em cabo da Boa Esperança; ou Nicolau Coelho, que havia participado da primeira viagem marítima às Índias, chefiada por Vasco da Gama. Gaspar Lemos foi enviado de volta a Portugal para anunciar ao rei Manuel I a descoberta do Brasil.
Havia um total de oito frades na frota de Cabral, liderados por frei Henrique de Coimbra. Cabral levava uma imagem de Nossa Senhora da Boa Esperança, colocada numa capela especialmente construída no convés de sua embarcação.
Pedro Álvares Cabral recebeu 10 mil cruzados pela viagem. Cada cruzado valia 3,5 gramas de ouro. Ele poderia ainda comprar 30 toneladas de pimenta, com seus próprios recursos, e transportá-las gratuitamente no navio. A Coroa se comprometia a comprar o produto pelo preço de mercado em Lisboa (sete vezes mais que nas Índias).
Cada marinheiro poderia trazer 600 quilos de pimenta e fazer o mesmo. Entretanto, poucos voltaram. Além da nau que desapareceu e da outra que voltou a Portugal com a notícia do descobrimento, outras seis afundaram. Das treze, portanto, apenas cinco conseguiram retornar para casa.
Nenhum desenho da frota cabralina sobreviveu. Foram destruídos no terremoto seguido de incêndio que consumiu Lisboa em 1755.
A carta de Pero Vaz de Caminha
O escrivão oficial da esquadra de Cabral chamava-se Gonçalo Gil Barbosa. Mas a carta mais detalhada foi a de Pero Vaz de Caminha, que tinha sete folhas e foi assinada na sexta-feira 1º de maio de 1500. João Faras, médico e cosmógrafo que fazia parte da tripulação de Cabral, também escreveu uma carta a D. Manuel I, rei de Portugal, na mesma data. Não conseguiu a mesma notoriedade. Caminha estava viajando para trabalhar como contador da feitoria de Calicute. Resolveu escrever uma carta para agradar ao rei Manuel I. É que seu genro, Jorge Osouro, havia sido condenado ao degredo na ilha de São Tomé por ter roubado uma igreja e por ter ferido o padre quatro anos antes. Caminha pedia o perdão para o genro - e foi atendido em 1501, quando o rei soube que o cronista havia sido morto pelos árabes no ataque à feitoria da Índia.Na manhã de 2 de maio, Gaspar de Lemos voltou a Portugal, levando as cartas do Capitão-Mor Pedro Álvares Cabral, de outros capitães, do físico Mestre João e de Pero Vaz de Caminha, além de amostras da vegetação local, toras de pau-brasil, arcos e flechas, enfeites indígenas e papagaios de cores berrantes. Neste mesmo dia, o resto da esquadra retoma o caminho das Índias.A carta de Pero Vaz foi redescoberta apenas em 1713 por José Seabra da Silva, guarda-mor dos arquivos da Torre do Tombo, em Portugal. Mesmo assim, ela demorou a ser publicada. Isso aconteceu em 1817, no livro Corografia Brasílica, do padre Aires do Casal.
Trechos da carta de Caminha
Senhor,
Posto que o Capitão-mor desta Vossa frota e assim igualmente os outros capitães escrevam a Vossa Alteza dando notícia do achamento desta Vossa terra nova, que agora nesta navegação se achou, não deixarei de também eu dar minha conta disso a Vossa Alteza, fazendo como melhor me for possível, ainda que - para o bem contar e falar - o saiba pior que todos. Queira porém Vossa Alteza tomar minha ignorância por boa vontade, e creia que certamente nada porei aqui, para embelezar nem para enfeitar, mais do que vi e me pareceu[...].
E assim seguimos o nosso caminho por este mar - de longo - até que na terça-feira das Oitavas de Páscoa - eram os vinte e um dias de abril - [...] topamos alguns sinais de terra: uma grande quantidade de ervas compridas, chamadas botelhos pelos mareantes, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno. Neste mesmo dia, à hora de vésperas, avistamos terra! Primeiramente um grande monte, muito alto e redondo; depois, outras serras mais baixas, da parte sul em relação ao monte e, mais, terra chã. Com grandes arvoredos. Ao monte alto o Capitão deu o nome de Monte Pascoal; e à terra, Terra de Vera Cruz.
[...] No dia seguinte, quinta-feira pela manhã, fizemos vela e seguimos direitos à terra, mantendo os navios pequenos adiante, por dezessete, dezesseis, quinze, quatorze, treze, doze, dez e nove braças, até meia légua da terra onde todos nós lançamos âncoras defronte à boca de um rio. A ancoragem se completou mais ou menos às dez horas.
Dali avistamos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos que chegaram primeiro. [...] O capitão-mor mandou que Nicolau Coelho desembarcasse em terra [...] E logo que ele começou a dirigir-se para lá, acudiram pela praia homens em grupos de dois, três, de maneira que, ao chegar ao batel à boca do rio, já ali estavam dezoito ou vinte homens. Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse as suas vergonhas. Traziam nas mãos arcos e setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. Nicolau Coelho fez sinal que pousassem os arcos. E eles assim fizeram.
Nessa ocasião não se pode haver deles fala nem entendimento que servisse, pelo grande estrondo das ondas que quebravam na praia. Nicolau Coelho lhes deu somente um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça e um sombreiro preto. Um dos homens pardos deu-lhe um sombreiro de penas de ave, compridas as penas, com uma copazinha pequena de penas vermelhas e pardas como de papagaios, e um outro deu-lhe um ramal grande de continhas brancas, miúdas, parecidas com as de aljolas, peças essas que, creio, o Capitão está enviando a Vossa Alteza.
[...]E sexta-feira pela manhã, às oito horas, pouco mais ou menos, por conselho dos pilotos, mandou o Capitão levantar âncora e fazer velas. [...] E, velejando nós pela costa, acharam os ditos navios pequenos, a mais ou menos dez léguas do sítio de onde tínhamos levantado ferro, um recife com um porto dentro, muito bom e muito seguro, com uma entrada muito larga. [...] E estando Afonso Lopez, nosso piloto, em um daqueles navios pequenos a mandado do Capitão, por ser homem vivo e competente para isso, meteu-se logo no esquife a sondar o porto por todas as partes; e tomou, então, dois daqueles homens da terra, mancebos e de bons corpos, que estavam numa jangada. Um deles trazia um arco e seis ou sete flechas; e na praia andavam muitos com seus arcos e flechas, porém deles não fizeram uso em nenhum momento. [...]
Quando eles vieram a bordo, o Capitão estava sentado em uma cadeira, bem vestido, com um colar muito grande no pescoço, e tendo aos pés, por estrado, um tapete. Sancho de Tovar, Simão de Miranda, Nicolau Coelho, Aires Correa e todos nós outros que nesta mesma nau vamos com ele, ficamos sentados no chão pelo grande tapete. Acenderam-se tochas. E eles entraram sem qualquer sinal de cortesia ou de desejo de dirigir-se ao Capitão ou qualquer outra pessoa presente, em especial. Todavia, um deles fixou o olhar no colar do Capitão e começou a acenar para a terra e logo em seguida para o colar, como querendo dizer que ali havia ouro. Fixou igualmente um castiçal de prata e da mesma maneira acenava para a terra e logo em seguida para o colar, como querendo dizer que lá também houvesse prata. Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo: pegaram-no logo com a mão e acenavam para a terra, como a dizer que ali os havia. Mostraram-lhe um carneiro: não fizeram caso dele; uma galinha: quase tiveram medo dela - não lhe queriam tocar, para logo depois tomá-la, com grande espanto nos olhos.
Deram-lhes de comer: pão e peixe cozido, confeitos, bolos, mel e figos passados. Não quiseram comer quase nada de tudo aquilo. E se provavam alguma coisa, logo a cuspiam com nojo. Trouxeram-lhes vinho numa taça, mas apenas havia provado o sabor, imediatamente demonstraram de não gostar e não mais quiseram. Trouxeram-lhes água num jarro. Não beberam. Apenas bochechavam, lavando as bocas, e logo lançavam fora.
Um deles viu umas contas de rosário brancas: mostrou que as queria, pegou-as, folgou muito com elas e colocou-as no pescoço. Depois tirou-as e com elas envolveu os braços e acenava para a terra e logo para as contas e para o colar do Capitão, como querendo dizer que dariam ouro por aquilo. Nós assim o traduzíamos porque esse era o nosso maior desejo... Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isso nós não desejávamos compreender, porque tal coisa não aceitaríamos fazer. Mas, logo ele devolveu as contas a quem lhe dera. [...]
Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença nenhuma, segundo as aparências. E, portanto, se os degredadados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual praza Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles todo e qualquer cunho que lhes quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o fato de Ele nos haver até aqui trazido, creio que não o foi sem causa. E portanto Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar à santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E aprazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim![...]
Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste ponto temos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, em algumas partes, grandes barreiras, algumas vermelhas, outras brancas; e a terra por cima é toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta tudo é praia redonda, muito chã e muito formosa.
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque a estender d'olhos não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem o vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre-Douros e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá. As águas são muitas e infindas. E em tal maneira é grandiosa que, querendo aproveitá-las, tudo dará nela, por causa das águas que tem.
Porém, o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza nela deve lançar. E que não houvesse mais que ter aqui Vossa Alteza esta pousada para a navegação de Calicute, isso bastava. Mais ainda, disposição para nela cumprir-se - e fazer - o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber: acrescentamento da vossa Santa Fé!
E desta maneira dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. E se me alonguei um pouco, Ela me perdoe. Porque o desejo que tinha de Vos tudo dizer, me fez pôr assim a miúdo. [...]
Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro de maio de 1500.
A primeira missa
Em 26 de abril de 1500, mais precisamente num lugar conhecido por Coroa Vermelha, foi rezada a primeira missa em terras brasileiras. Era o primeiro domingo após a Páscoa, conhecido como Pascoela.
Afinal, quem descobriu o Brasil?
No século XVI, baseando-se na mitologia do povo celta, o cartógrafo genovês Angel Dalorto desenhou uma ilha em um de seus mapas. A porção de terra cercada estava a oeste da costa sul da Irlanda.
Para o cartógrafo, era ali o lugar que São Brandão, um monge irlandês que se aventurou para o alto-mar no ano de 565, descreveu como a Terra Abençoada, onde havia abundância, clima ameno e igualdade entre seus habitantes. Curiosamente, no mapa de Dalorto essa ilha se chamava Ilha do Brasil.
Portugal ameaçou enviar uma frota às terras descobertas por Colombo (atuais Américas Central e do Norte) e a Espanha lhe propôs discutir um acordo sobre as terras a descobrir. Essa foi a origem do Tratado de Tordesilhas (7 de junho de 1494).
Duarte Pacheco Pereira, nomeado "Cavaleiro da Casa Real", participou como negociador português. Especialista em geografia e cosmografia, reivindicou para Portugal as terras que fossem descobertas a até 370 léguas a oeste de Cabo Verde.
Historiadores sustentam a hipótese de Duarte Pacheco ter sido o verdadeiro "descobridor do Brasil", em 1498, viajando em segredo.
O único registro desse feito é um trecho meio obscuro do livro Sobre os Mares do Mundo, escrito pelo próprio Pacheco entre 1505 e 1508. Nesse relato, ele conta que, em 1498, explorou a "parte ocidental" do Oceano Atlântico, encontrando "uma grande terra firme, com muitas ilhas adjacentes" e coberta de "muito e fino brasil".
Isso reforça a tese de que a viagem de Pedro Álvares Cabral foi uma operação secreta arquitetada pela Coroa portuguesa, dois anos depois da verdadeira descoberta, para formalizar a posse das terras.
Em 26 de janeiro de 1500 (quase um mês antes do descobrimento oficial do Brasil), o navegador espanhol Vicente Pinzón teria chegado a um novo território no além-mar, desconhecido pelos reinos de Portugal e Espanha.
Pinzón partiu em novembro de 1499 do Porto de Palos e, em sua jornada pelo Atlântico, passou pelas Ilhas Canárias e Cabo Verde. Veterano explorador que comandou a caravela Nina na descoberta da América, em 1492, Pinzón disse seguiu viagem ao largo de um litoral com poucas baías seguras para ancoragem e desembarque.
Quando enfim conseguiu chegar à terra, o espanhol e seus homens enfrentaram a fúria dos índios. "Mataram oito dos nossos soldados e mal houve um que não tivesse sido ferido", descreveu. O local seria Cabo de Santo Agostinho, no litoral pernambucano. Ele costeou o litoral até a foz do Rio Amazonas, descoberta por ele. Ali, encontrou-se com outro espanhol, Diego de Lepe, e juntos avançaram até o rio Oiapoque.
O pau-brasil
Em 1500, o pau-brasil era abundante na Mata Atlântica do litoral do Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro. Os índios o chamavam de ibirapitanga (árvore vermelha em tupi). De seu tronco, de fato, eles extraíam a tinta vermelha para pintar os corpos. O nome dado pelos portugueses vem de bersil, que significava brasa no português da época. O pau-brasil, árvore que tem 20 metros de altura, foi um de nossos primeiros produtos de exportação. Com seus machados de ferro, os portugueses não levavam mais que 15 minutos para derrubar uma árvore. De 1500 a 1600, calcula-se que 2 milhões delas vieram abaixo. Hoje, o pau-brasil está quase extinto. Sobrevive em hortos e reservas. E serve apenas para fabricar instrumentos de corda.
O Tratado de Tordesilhas
Tratado de Tordesilhas (1494)Portugal ameaçou enviar uma frota às terras descobertas por Colombo, na América, e a Espanha lhe propôs discutir um acordo sobre as terras a descobrir. Essa foi a origem do Tratado de Tordesilhas (7 de junho de 1494). Duarte Pacheco Pereira, nomeado Cavaleiro da Casa Real, participou como negociador português. Especialista em geografia e cosmografia, reivindicou para Portugal as terras que fossem descobertas a até 370 léguas a oeste de Cabo Verde.
Historiadores sustentam a hipótese de Duarte Pacheco ter sido o verdadeiro "descobridor do Brasil", em 1498, viajando em segredo. O único registro desse feito é um trecho meio obscuro do livro Sobre os Mares do Mundo, escrito pelo próprio Pacheco entre 1505 e 1508. Nesse relato, ele conta que, em 1498, explorou a "parte ocidental" do Oceano Atlântico, encontrando "uma grande terra firme, com muitas ilhas adjacentes" e coberta de "muito e fino brasil". Isso reforça a tese de que a viagem de Pedro Álvares Cabral foi uma operação secreta arquitetada pela Coroa portuguesa, dois anos depois da verdadeira descoberta, para formalizar a posse das terras descobertas.
Os Bandeirantes
As bandeiras foram um movimento basicamente paulista, iniciado em no século XVII. Os retratos costumam mostrar os bandeirantes como senhores nobres, bem vestidos, com ar elegante. Não se engane. Em sua maioria, eles eram mestiços, pobres e quase maltrapilhos. O movimento dos bandeirantes pode ser dividido em três etapas:
1ª etapa: No começo, os bandeirantes capturavam índios para serem escravizados e vendidos aos fazendeiros de cana-de-açúcar. Invadiam tribos e levavam os indígenas, acorrentados, até os locais de leilão.
2ª etapa: Quando o aprisionamento dos índios foi proibido, os bandeirantes mudaram de ramo. Passaram a procurar metais, desbravando o interior do país. O primeiro lugar em que o ouro pintou com força foi em Cuiabá. Entre 1693 e 1705, os paulistas descobriram as principais jazidas de Minas Gerais.
3ª etapa: Os bandeirantes eram contratados para sufocar rebeliões de negros ou de índios. Perseguiam também escravos fugitivos. O Quilombo dos Palmares, por exemplo, foi destruído por um grupo de bandeirantes.
No percurso pelo interior, quando os mantimentos começavam a diminuir, os bandeirantes paravam e montavam um acampamento. Ali faziam plantações para repor as provisões. Esses acampamentos davam origem a pequenos arraiais, que depois se tornavam municípios. Foi assim que os bandeirantes ajudaram a desbravar o país.
Bandeirantes Famosos
Fernão Dias Pais (1608-1681)
Em uma de suas primeiras incursões pelo país, aprisionou 5 mil índios na região Sul para trabalhar nas lavouras de São Paulo. Em 1672, o bandeirante ganhou do governador-geral do Brasil, Afonso Furtado de Mendonça, uma carta que lhe dava o direito de chefiar uma expedição para descobrir esmeraldas e minas de ouro em Minas Gerais. A bandeira saiu dois anos depois. Fernão Dias ficou conhecido como "O caçador de esmeraldas", embora não tenha achado nenhuma. Durante o percurso, ele sufocou uma revolta liderada por seu próprio filho, José Dias Pais. Fernão enforcou o filho. Depois de sete anos de viagem, ele contraiu uma doença e morreu longe de casa. Hoje, seus restos mortais estão guardados no Mosteiro São Bento, em São Paulo.
Fernão Dias foi casado com Maria Garcia Betim, que era descendente de Tibiriça pelo lado materno e de um irmão de Pedro Álvares Cabral pelo lado paterno.
Amador Bueno (1610-1683)
Prendeu índios e encontrou ouro. Em 1638, Amador Bueno da Ribeira era considerado um dos homens mais ricos de São Paulo. Exerceu os cargos de ouvidor da capitania, provedor, contador da Fazenda Real e juiz de órfãos.
Antônio Raposo Tavares (1598-1658)
Nasceu em Portugal e chegou ao Brasil em 1618. Aprisionou 10 mil índios para trabalhar em sua fazenda ou vendê-los como escravos aos fazendeiros de açúcar do Nordeste. Suas expediçðes cobriram grande parte da América do Sul. Percorreu 12 mil quilômetros, enfrentando chuvas, pântanos e doenças. Partindo de São Paulo, chegou até onde hoje ficam Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Pará. Atravessou pela primeira vez a Floresta Amazônica.
Antônio Rodrigues Arzão (? - 1694)
Bandeirante paulista que foi apontado como responsável pela descoberta de ouro em Minas Gerais. Em 1693, ele liderou uma bandeira que seguia a trilha de Fernão Dias. Encontrou ouro em um ribeirão de Minas Gerais, mas foi atacado por índios e fugiu. De volta a São Paulo, contou a notícia a Bartolomeu Bueno da Silva, que seguiu para o local.
Bartolomeu Bueno da Silva (século XVII)
Em 1682, ele foi o pioneiro na exploração dos sertões de Goiás. Estava acompanhado de seu filho, Bartolomeu Bueno, de apenas 12 anos. Voltaram carregados de ouro e de índios para as lavouras paulistas. Iniciou também a primeira fase de exploração de ouro em Minas Gerais, a chamada "mineração aluvial".
Por que ele ganhou o apelido de "Anhangüera"?
Bartolomeu percebeu que um grupo de índias goiases usava enfeites de ouro em seus colares. Apanhou uma garrafa de aguardente, despejou-o numa vasilha e colocou fogo. Disse aos índios que aquilo era água e que ele tinha o poder de incendiar os rios caso não fosse levado às minas de ouro. Apavorados, os índios o apelidaram de "Anhangüera", ou diabo velho.
Bartolomeu Bueno da Silva, "O Moço" (1672-1740)
Filho de "Anhangüera". Estabeleceu-se em Sabará, Minas Gerais (1701), onde foi considerado um dos líderes da Guerra dos Emboabas. Em 1722, se propôs a colonizar a região que havia feito a fama de seu pai. Com sua bandeira reduzida de 152 para 70 homens, encontrou ouro no rio Vermelho e no ribeirão das Cabrinhas. Voltou a São Paulo para buscar ajuda. No ano de 1726, estabeleceu ali uma povoação, que seria durante muitos anos a capital do Estado de Goiás. Pelo descobrimento das minas, ganhou sesmarias, que depois lhe foram retiradas. Morreu quase na miséria.
Domingos Jorge Velho (1614-1703)
Bandeirante paulista que partiu de Taubaté e chegou ao interior do Piauí. Na sua caçada aos índios do Nordeste, perseguiu e destruiu uma série de aldeias. No Rio Grande do Norte, lutou na Guerra dos Bárbaros (1687). Seu principal feito, no entanto, foi a destruição do Quilombo dos Palmares, em 1694. A morte do líder Zumbi foi atribuída a André Furtado de Mendonça, da tropa de Velho. Era considerado por todos um homem muito rude, que falava mal o português. Comunicava-se sempre em tupi-guarani.
Manuel de Borba Gato (1628-1718)
Genro de Fernão Dias, Borba Gato fez parte de sua bandeira entre 1674 e 1681. Depois de ter sido acusado de um assassinato, ele fugiu para a região do rio Doce, em Sabará (MG). Ali descobriu ouro em Sabarabuçu e no rio das Velhas. Participou da Guerra dos Emboabas.
As descobertas de ouro e pedras preciosas no Brasil tornaram-se as mais importantes do Novo Mundo colonial. Calcula-se que, ao longo de 100 anos, se garimparam 2 milhões de quilos de ouro no país, e cerca de 2,4 milhões de quilates de diamante foram extraídos das rochas. Faltava gente para plantar e colher nas fazendas. Pelo menos 615 toneladas de ouro chegaram a Portugal até 1822. Toda essa fortuna não foi reinvestida no Brasil ou em Portugal: passou para a Inglaterra, que vinha colhendo os frutos de sua Revolução Industrial.
Os Escravos
Os portugueses iniciaram a escravização de negros no século XV, quando conquistaram a costa africana. Trocavam armas, pólvora, tecidos, espelhos, aguardente e fumo com os chefes tribais por escravos. Graças ao bom trabalho dos africanos na produção de açúcar em São Tomé e na Ilha da Madeira, outras colônias portuguesas, os senhores de engenho do Brasil exigiram a vinda de escravos negros para as suas fazendas.
Não existem números confiáveis sobre a quantidade de negros que entraram no Brasil como escravos. Os primeiros navios negreiros foram trazidos pelo português Martim Afonso de Sousa, em 1532. A contabilidade oficial estima que, entre essa data e 1850, algo como 5 milhões de escravos negros entraram no Brasil, mas alguns historiadores calculam que pode ter sido o dobro. Milhares de escravos morreram nos navios negreiros, que foram apelidados por essa causa de "tumbeiros".
Eles vieram para desempenhar todas as funções possíveis: dos trabalhos domésticos aos agrícolas, dos serviços leves aos mais pesados. Hoje, graças a uns poucos registros históricos e à herança cultural deixada aos seus descendentes, é possível traçar a origem dos negros brasileiros em três grandes grupos: os da região do atual Sudão, em que os iorubas, também chamados nagôs, predominam; os que vieram das tribos do norte da Nigéria, a maioria muçulmanos de hábitos refinados, chamados no Brasil de malês ou alufás; e, por fim, o grupo dos bantos, capturados nas colônias portuguesas de Angola e Moçambique.
Essa vergonha foi tão duradoura que o Brasil, até hoje, guarda a triste marca de ter sido o último país do Ocidente a abolir a escravidão, em 13 de maio de 1888. Também não há como calcular o impacto desses contingentes na população branca aqui estabelecida. Não temos com exatidão o número de habitantes do Brasil no período colonial. Estima-se, por exemplo, que no início do século XIX deveria estar por volta de 2,5 milhões, dos quais 2/3 seriam pessoas negras ou mestiças, excetuando-se os indígenas.
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