O fato das crianças, desde cedo preferirem a ajuda da mãe quando acordam a noite, na hora da refeição e do banho está relacionado a um aspecto cultural e não a rejeição aos pais por parte dos pequenos. Esta ligação mais forte com a mãe não é de natureza biológica e sim um resultado cultural, histórico e social. A explicação disto é que os homens são percebidos como incapazes de cuidar de crianças em nossa sociedade. Mesmo diante de um posicionamento por parte do homem em assumir os cuidados com o filho; a família, a escola, o trabalho e as instituições às vezes não permitem essa possibilidade. Da mulher exige-se um desempenho tão bom, semelhante ao instinto materno, como se fosse uma característica inata e do homem prevalece ainda a exigência de que assumir a paternidade significa o suprimento financeiro.Na verdade, o que ocorre é que esta cultura é reforçada, exemplo disto é o estímulo apresentado às meninas para as brincadeiras de boneca, ao passo que os meninos são censurados se participam dessa brincadeira.
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
História do Brasil
Descobrimento do Brasil
Pedro Álvares Cabral saiu da praia do Restelo, em Lisboa, ao meio-dia do dia 9 de março de 1500, uma segunda-feira. Vieram em dez naus e três caravelas, trazendo um total de 1500 pessoas. A viagem levou 44 dias. No dia 22 de abril de 1500, Cabral ancorou em frente ao Monte Pascoal (536 metros de altura).
Uma das naus desapareceu no dia 23 de março de 1500. Era a comandada por Vasco de Ataíde e tinha 150 homens. Os outros barcos fizeram dois dias de buscas, mas nada encontraram. Então, seguiram viagem.
Cabral, de 32 anos, era casado com uma das mulheres mais nobres e ricas de Portugal. Isabela de Castro era neta dos reis Dom Fernando de Portugal e Dom Henrique de Castela. Ele foi nomeado capitão-mor da esquadra em 15 de fevereiro de 1500.
A nau capitânia, comandada por Cabral, tinha capacidade para 250 tonéis. Ao todo, havia 190 homens a bordo.
As embarcações ancoraram a 36 quilômetros do litoral brasileiro. No dia seguinte, chegaram mais perto da costa. Foi aí que avistaram sete ou oito homens andando pela praia. Nicolau Coelho, Gaspar da Gama, um grumete e um escravo africanos foram os primeiros a desembarcar. O grupo na praia já aumentara para vinte homens, todos nus.
Os nativos se aproximaram do barco apontando seus arcos e flechas. Nicolau Coelho fez sinal para que eles largassem as armas, o que foi obedecido. Ainda de dentro do barco, ele atirou um gorro vermelho, um sombreiro preto e a carapuça de linho que usava. Em troca, os índios lhe deram um cocar e um colar de pedras brancas. Esses primeiros índios encontrados pelos portugueses eram da tribo tupiniquim.
Em 2 de maio, a expedição deixou o país e seguiu para as Índias. A missão de Cabral era instalar um entreposto em Calicute, principal centro das especiarias.
Cabral era considerado uma espécie de chefe militar da esquadra. Por isso, a frota incluía tantos comandantes experientes, como Bartolomeu Dias, o primeiro a contornar o sul do continente africano, transformando o cabo das Tormentas em cabo da Boa Esperança; ou Nicolau Coelho, que havia participado da primeira viagem marítima às Índias, chefiada por Vasco da Gama. Gaspar Lemos foi enviado de volta a Portugal para anunciar ao rei Manuel I a descoberta do Brasil.
Havia um total de oito frades na frota de Cabral, liderados por frei Henrique de Coimbra. Cabral levava uma imagem de Nossa Senhora da Boa Esperança, colocada numa capela especialmente construída no convés de sua embarcação.
Pedro Álvares Cabral recebeu 10 mil cruzados pela viagem. Cada cruzado valia 3,5 gramas de ouro. Ele poderia ainda comprar 30 toneladas de pimenta, com seus próprios recursos, e transportá-las gratuitamente no navio. A Coroa se comprometia a comprar o produto pelo preço de mercado em Lisboa (sete vezes mais que nas Índias).
Cada marinheiro poderia trazer 600 quilos de pimenta e fazer o mesmo. Entretanto, poucos voltaram. Além da nau que desapareceu e da outra que voltou a Portugal com a notícia do descobrimento, outras seis afundaram. Das treze, portanto, apenas cinco conseguiram retornar para casa.
Nenhum desenho da frota cabralina sobreviveu. Foram destruídos no terremoto seguido de incêndio que consumiu Lisboa em 1755.
Pedro Álvares Cabral saiu da praia do Restelo, em Lisboa, ao meio-dia do dia 9 de março de 1500, uma segunda-feira. Vieram em dez naus e três caravelas, trazendo um total de 1500 pessoas. A viagem levou 44 dias. No dia 22 de abril de 1500, Cabral ancorou em frente ao Monte Pascoal (536 metros de altura).
Uma das naus desapareceu no dia 23 de março de 1500. Era a comandada por Vasco de Ataíde e tinha 150 homens. Os outros barcos fizeram dois dias de buscas, mas nada encontraram. Então, seguiram viagem.
Cabral, de 32 anos, era casado com uma das mulheres mais nobres e ricas de Portugal. Isabela de Castro era neta dos reis Dom Fernando de Portugal e Dom Henrique de Castela. Ele foi nomeado capitão-mor da esquadra em 15 de fevereiro de 1500.
A nau capitânia, comandada por Cabral, tinha capacidade para 250 tonéis. Ao todo, havia 190 homens a bordo.
As embarcações ancoraram a 36 quilômetros do litoral brasileiro. No dia seguinte, chegaram mais perto da costa. Foi aí que avistaram sete ou oito homens andando pela praia. Nicolau Coelho, Gaspar da Gama, um grumete e um escravo africanos foram os primeiros a desembarcar. O grupo na praia já aumentara para vinte homens, todos nus.
Os nativos se aproximaram do barco apontando seus arcos e flechas. Nicolau Coelho fez sinal para que eles largassem as armas, o que foi obedecido. Ainda de dentro do barco, ele atirou um gorro vermelho, um sombreiro preto e a carapuça de linho que usava. Em troca, os índios lhe deram um cocar e um colar de pedras brancas. Esses primeiros índios encontrados pelos portugueses eram da tribo tupiniquim.
Em 2 de maio, a expedição deixou o país e seguiu para as Índias. A missão de Cabral era instalar um entreposto em Calicute, principal centro das especiarias.
Cabral era considerado uma espécie de chefe militar da esquadra. Por isso, a frota incluía tantos comandantes experientes, como Bartolomeu Dias, o primeiro a contornar o sul do continente africano, transformando o cabo das Tormentas em cabo da Boa Esperança; ou Nicolau Coelho, que havia participado da primeira viagem marítima às Índias, chefiada por Vasco da Gama. Gaspar Lemos foi enviado de volta a Portugal para anunciar ao rei Manuel I a descoberta do Brasil.
Havia um total de oito frades na frota de Cabral, liderados por frei Henrique de Coimbra. Cabral levava uma imagem de Nossa Senhora da Boa Esperança, colocada numa capela especialmente construída no convés de sua embarcação.
Pedro Álvares Cabral recebeu 10 mil cruzados pela viagem. Cada cruzado valia 3,5 gramas de ouro. Ele poderia ainda comprar 30 toneladas de pimenta, com seus próprios recursos, e transportá-las gratuitamente no navio. A Coroa se comprometia a comprar o produto pelo preço de mercado em Lisboa (sete vezes mais que nas Índias).
Cada marinheiro poderia trazer 600 quilos de pimenta e fazer o mesmo. Entretanto, poucos voltaram. Além da nau que desapareceu e da outra que voltou a Portugal com a notícia do descobrimento, outras seis afundaram. Das treze, portanto, apenas cinco conseguiram retornar para casa.
Nenhum desenho da frota cabralina sobreviveu. Foram destruídos no terremoto seguido de incêndio que consumiu Lisboa em 1755.
A carta de Pero Vaz de Caminha
O escrivão oficial da esquadra de Cabral chamava-se Gonçalo Gil Barbosa. Mas a carta mais detalhada foi a de Pero Vaz de Caminha, que tinha sete folhas e foi assinada na sexta-feira 1º de maio de 1500. João Faras, médico e cosmógrafo que fazia parte da tripulação de Cabral, também escreveu uma carta a D. Manuel I, rei de Portugal, na mesma data. Não conseguiu a mesma notoriedade. Caminha estava viajando para trabalhar como contador da feitoria de Calicute. Resolveu escrever uma carta para agradar ao rei Manuel I. É que seu genro, Jorge Osouro, havia sido condenado ao degredo na ilha de São Tomé por ter roubado uma igreja e por ter ferido o padre quatro anos antes. Caminha pedia o perdão para o genro - e foi atendido em 1501, quando o rei soube que o cronista havia sido morto pelos árabes no ataque à feitoria da Índia.Na manhã de 2 de maio, Gaspar de Lemos voltou a Portugal, levando as cartas do Capitão-Mor Pedro Álvares Cabral, de outros capitães, do físico Mestre João e de Pero Vaz de Caminha, além de amostras da vegetação local, toras de pau-brasil, arcos e flechas, enfeites indígenas e papagaios de cores berrantes. Neste mesmo dia, o resto da esquadra retoma o caminho das Índias.A carta de Pero Vaz foi redescoberta apenas em 1713 por José Seabra da Silva, guarda-mor dos arquivos da Torre do Tombo, em Portugal. Mesmo assim, ela demorou a ser publicada. Isso aconteceu em 1817, no livro Corografia Brasílica, do padre Aires do Casal.
Trechos da carta de Caminha
Senhor,
Posto que o Capitão-mor desta Vossa frota e assim igualmente os outros capitães escrevam a Vossa Alteza dando notícia do achamento desta Vossa terra nova, que agora nesta navegação se achou, não deixarei de também eu dar minha conta disso a Vossa Alteza, fazendo como melhor me for possível, ainda que - para o bem contar e falar - o saiba pior que todos. Queira porém Vossa Alteza tomar minha ignorância por boa vontade, e creia que certamente nada porei aqui, para embelezar nem para enfeitar, mais do que vi e me pareceu[...].
E assim seguimos o nosso caminho por este mar - de longo - até que na terça-feira das Oitavas de Páscoa - eram os vinte e um dias de abril - [...] topamos alguns sinais de terra: uma grande quantidade de ervas compridas, chamadas botelhos pelos mareantes, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno. Neste mesmo dia, à hora de vésperas, avistamos terra! Primeiramente um grande monte, muito alto e redondo; depois, outras serras mais baixas, da parte sul em relação ao monte e, mais, terra chã. Com grandes arvoredos. Ao monte alto o Capitão deu o nome de Monte Pascoal; e à terra, Terra de Vera Cruz.
[...] No dia seguinte, quinta-feira pela manhã, fizemos vela e seguimos direitos à terra, mantendo os navios pequenos adiante, por dezessete, dezesseis, quinze, quatorze, treze, doze, dez e nove braças, até meia légua da terra onde todos nós lançamos âncoras defronte à boca de um rio. A ancoragem se completou mais ou menos às dez horas.
Dali avistamos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos que chegaram primeiro. [...] O capitão-mor mandou que Nicolau Coelho desembarcasse em terra [...] E logo que ele começou a dirigir-se para lá, acudiram pela praia homens em grupos de dois, três, de maneira que, ao chegar ao batel à boca do rio, já ali estavam dezoito ou vinte homens. Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse as suas vergonhas. Traziam nas mãos arcos e setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. Nicolau Coelho fez sinal que pousassem os arcos. E eles assim fizeram.
Nessa ocasião não se pode haver deles fala nem entendimento que servisse, pelo grande estrondo das ondas que quebravam na praia. Nicolau Coelho lhes deu somente um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça e um sombreiro preto. Um dos homens pardos deu-lhe um sombreiro de penas de ave, compridas as penas, com uma copazinha pequena de penas vermelhas e pardas como de papagaios, e um outro deu-lhe um ramal grande de continhas brancas, miúdas, parecidas com as de aljolas, peças essas que, creio, o Capitão está enviando a Vossa Alteza.
[...]E sexta-feira pela manhã, às oito horas, pouco mais ou menos, por conselho dos pilotos, mandou o Capitão levantar âncora e fazer velas. [...] E, velejando nós pela costa, acharam os ditos navios pequenos, a mais ou menos dez léguas do sítio de onde tínhamos levantado ferro, um recife com um porto dentro, muito bom e muito seguro, com uma entrada muito larga. [...] E estando Afonso Lopez, nosso piloto, em um daqueles navios pequenos a mandado do Capitão, por ser homem vivo e competente para isso, meteu-se logo no esquife a sondar o porto por todas as partes; e tomou, então, dois daqueles homens da terra, mancebos e de bons corpos, que estavam numa jangada. Um deles trazia um arco e seis ou sete flechas; e na praia andavam muitos com seus arcos e flechas, porém deles não fizeram uso em nenhum momento. [...]
Quando eles vieram a bordo, o Capitão estava sentado em uma cadeira, bem vestido, com um colar muito grande no pescoço, e tendo aos pés, por estrado, um tapete. Sancho de Tovar, Simão de Miranda, Nicolau Coelho, Aires Correa e todos nós outros que nesta mesma nau vamos com ele, ficamos sentados no chão pelo grande tapete. Acenderam-se tochas. E eles entraram sem qualquer sinal de cortesia ou de desejo de dirigir-se ao Capitão ou qualquer outra pessoa presente, em especial. Todavia, um deles fixou o olhar no colar do Capitão e começou a acenar para a terra e logo em seguida para o colar, como querendo dizer que ali havia ouro. Fixou igualmente um castiçal de prata e da mesma maneira acenava para a terra e logo em seguida para o colar, como querendo dizer que lá também houvesse prata. Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo: pegaram-no logo com a mão e acenavam para a terra, como a dizer que ali os havia. Mostraram-lhe um carneiro: não fizeram caso dele; uma galinha: quase tiveram medo dela - não lhe queriam tocar, para logo depois tomá-la, com grande espanto nos olhos.
Deram-lhes de comer: pão e peixe cozido, confeitos, bolos, mel e figos passados. Não quiseram comer quase nada de tudo aquilo. E se provavam alguma coisa, logo a cuspiam com nojo. Trouxeram-lhes vinho numa taça, mas apenas havia provado o sabor, imediatamente demonstraram de não gostar e não mais quiseram. Trouxeram-lhes água num jarro. Não beberam. Apenas bochechavam, lavando as bocas, e logo lançavam fora.
Um deles viu umas contas de rosário brancas: mostrou que as queria, pegou-as, folgou muito com elas e colocou-as no pescoço. Depois tirou-as e com elas envolveu os braços e acenava para a terra e logo para as contas e para o colar do Capitão, como querendo dizer que dariam ouro por aquilo. Nós assim o traduzíamos porque esse era o nosso maior desejo... Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isso nós não desejávamos compreender, porque tal coisa não aceitaríamos fazer. Mas, logo ele devolveu as contas a quem lhe dera. [...]
Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença nenhuma, segundo as aparências. E, portanto, se os degredadados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual praza Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles todo e qualquer cunho que lhes quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o fato de Ele nos haver até aqui trazido, creio que não o foi sem causa. E portanto Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar à santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E aprazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim![...]
Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste ponto temos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, em algumas partes, grandes barreiras, algumas vermelhas, outras brancas; e a terra por cima é toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta tudo é praia redonda, muito chã e muito formosa.
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque a estender d'olhos não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem o vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre-Douros e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá. As águas são muitas e infindas. E em tal maneira é grandiosa que, querendo aproveitá-las, tudo dará nela, por causa das águas que tem.
Porém, o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza nela deve lançar. E que não houvesse mais que ter aqui Vossa Alteza esta pousada para a navegação de Calicute, isso bastava. Mais ainda, disposição para nela cumprir-se - e fazer - o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber: acrescentamento da vossa Santa Fé!
E desta maneira dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. E se me alonguei um pouco, Ela me perdoe. Porque o desejo que tinha de Vos tudo dizer, me fez pôr assim a miúdo. [...]
Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro de maio de 1500.
A primeira missa
Em 26 de abril de 1500, mais precisamente num lugar conhecido por Coroa Vermelha, foi rezada a primeira missa em terras brasileiras. Era o primeiro domingo após a Páscoa, conhecido como Pascoela.
Afinal, quem descobriu o Brasil?
No século XVI, baseando-se na mitologia do povo celta, o cartógrafo genovês Angel Dalorto desenhou uma ilha em um de seus mapas. A porção de terra cercada estava a oeste da costa sul da Irlanda.
Para o cartógrafo, era ali o lugar que São Brandão, um monge irlandês que se aventurou para o alto-mar no ano de 565, descreveu como a Terra Abençoada, onde havia abundância, clima ameno e igualdade entre seus habitantes. Curiosamente, no mapa de Dalorto essa ilha se chamava Ilha do Brasil.
Portugal ameaçou enviar uma frota às terras descobertas por Colombo (atuais Américas Central e do Norte) e a Espanha lhe propôs discutir um acordo sobre as terras a descobrir. Essa foi a origem do Tratado de Tordesilhas (7 de junho de 1494).
Duarte Pacheco Pereira, nomeado "Cavaleiro da Casa Real", participou como negociador português. Especialista em geografia e cosmografia, reivindicou para Portugal as terras que fossem descobertas a até 370 léguas a oeste de Cabo Verde.
Historiadores sustentam a hipótese de Duarte Pacheco ter sido o verdadeiro "descobridor do Brasil", em 1498, viajando em segredo.
O único registro desse feito é um trecho meio obscuro do livro Sobre os Mares do Mundo, escrito pelo próprio Pacheco entre 1505 e 1508. Nesse relato, ele conta que, em 1498, explorou a "parte ocidental" do Oceano Atlântico, encontrando "uma grande terra firme, com muitas ilhas adjacentes" e coberta de "muito e fino brasil".
Isso reforça a tese de que a viagem de Pedro Álvares Cabral foi uma operação secreta arquitetada pela Coroa portuguesa, dois anos depois da verdadeira descoberta, para formalizar a posse das terras.
Em 26 de janeiro de 1500 (quase um mês antes do descobrimento oficial do Brasil), o navegador espanhol Vicente Pinzón teria chegado a um novo território no além-mar, desconhecido pelos reinos de Portugal e Espanha.
Pinzón partiu em novembro de 1499 do Porto de Palos e, em sua jornada pelo Atlântico, passou pelas Ilhas Canárias e Cabo Verde. Veterano explorador que comandou a caravela Nina na descoberta da América, em 1492, Pinzón disse seguiu viagem ao largo de um litoral com poucas baías seguras para ancoragem e desembarque.
Quando enfim conseguiu chegar à terra, o espanhol e seus homens enfrentaram a fúria dos índios. "Mataram oito dos nossos soldados e mal houve um que não tivesse sido ferido", descreveu. O local seria Cabo de Santo Agostinho, no litoral pernambucano. Ele costeou o litoral até a foz do Rio Amazonas, descoberta por ele. Ali, encontrou-se com outro espanhol, Diego de Lepe, e juntos avançaram até o rio Oiapoque.
O pau-brasil
Em 1500, o pau-brasil era abundante na Mata Atlântica do litoral do Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro. Os índios o chamavam de ibirapitanga (árvore vermelha em tupi). De seu tronco, de fato, eles extraíam a tinta vermelha para pintar os corpos. O nome dado pelos portugueses vem de bersil, que significava brasa no português da época. O pau-brasil, árvore que tem 20 metros de altura, foi um de nossos primeiros produtos de exportação. Com seus machados de ferro, os portugueses não levavam mais que 15 minutos para derrubar uma árvore. De 1500 a 1600, calcula-se que 2 milhões delas vieram abaixo. Hoje, o pau-brasil está quase extinto. Sobrevive em hortos e reservas. E serve apenas para fabricar instrumentos de corda.
O Tratado de Tordesilhas
Tratado de Tordesilhas (1494)Portugal ameaçou enviar uma frota às terras descobertas por Colombo, na América, e a Espanha lhe propôs discutir um acordo sobre as terras a descobrir. Essa foi a origem do Tratado de Tordesilhas (7 de junho de 1494). Duarte Pacheco Pereira, nomeado Cavaleiro da Casa Real, participou como negociador português. Especialista em geografia e cosmografia, reivindicou para Portugal as terras que fossem descobertas a até 370 léguas a oeste de Cabo Verde.
Historiadores sustentam a hipótese de Duarte Pacheco ter sido o verdadeiro "descobridor do Brasil", em 1498, viajando em segredo. O único registro desse feito é um trecho meio obscuro do livro Sobre os Mares do Mundo, escrito pelo próprio Pacheco entre 1505 e 1508. Nesse relato, ele conta que, em 1498, explorou a "parte ocidental" do Oceano Atlântico, encontrando "uma grande terra firme, com muitas ilhas adjacentes" e coberta de "muito e fino brasil". Isso reforça a tese de que a viagem de Pedro Álvares Cabral foi uma operação secreta arquitetada pela Coroa portuguesa, dois anos depois da verdadeira descoberta, para formalizar a posse das terras descobertas.
Os Bandeirantes
As bandeiras foram um movimento basicamente paulista, iniciado em no século XVII. Os retratos costumam mostrar os bandeirantes como senhores nobres, bem vestidos, com ar elegante. Não se engane. Em sua maioria, eles eram mestiços, pobres e quase maltrapilhos. O movimento dos bandeirantes pode ser dividido em três etapas:
1ª etapa: No começo, os bandeirantes capturavam índios para serem escravizados e vendidos aos fazendeiros de cana-de-açúcar. Invadiam tribos e levavam os indígenas, acorrentados, até os locais de leilão.
2ª etapa: Quando o aprisionamento dos índios foi proibido, os bandeirantes mudaram de ramo. Passaram a procurar metais, desbravando o interior do país. O primeiro lugar em que o ouro pintou com força foi em Cuiabá. Entre 1693 e 1705, os paulistas descobriram as principais jazidas de Minas Gerais.
3ª etapa: Os bandeirantes eram contratados para sufocar rebeliões de negros ou de índios. Perseguiam também escravos fugitivos. O Quilombo dos Palmares, por exemplo, foi destruído por um grupo de bandeirantes.
No percurso pelo interior, quando os mantimentos começavam a diminuir, os bandeirantes paravam e montavam um acampamento. Ali faziam plantações para repor as provisões. Esses acampamentos davam origem a pequenos arraiais, que depois se tornavam municípios. Foi assim que os bandeirantes ajudaram a desbravar o país.
Bandeirantes Famosos
Fernão Dias Pais (1608-1681)
Em uma de suas primeiras incursões pelo país, aprisionou 5 mil índios na região Sul para trabalhar nas lavouras de São Paulo. Em 1672, o bandeirante ganhou do governador-geral do Brasil, Afonso Furtado de Mendonça, uma carta que lhe dava o direito de chefiar uma expedição para descobrir esmeraldas e minas de ouro em Minas Gerais. A bandeira saiu dois anos depois. Fernão Dias ficou conhecido como "O caçador de esmeraldas", embora não tenha achado nenhuma. Durante o percurso, ele sufocou uma revolta liderada por seu próprio filho, José Dias Pais. Fernão enforcou o filho. Depois de sete anos de viagem, ele contraiu uma doença e morreu longe de casa. Hoje, seus restos mortais estão guardados no Mosteiro São Bento, em São Paulo.
Fernão Dias foi casado com Maria Garcia Betim, que era descendente de Tibiriça pelo lado materno e de um irmão de Pedro Álvares Cabral pelo lado paterno.
Amador Bueno (1610-1683)
Prendeu índios e encontrou ouro. Em 1638, Amador Bueno da Ribeira era considerado um dos homens mais ricos de São Paulo. Exerceu os cargos de ouvidor da capitania, provedor, contador da Fazenda Real e juiz de órfãos.
Antônio Raposo Tavares (1598-1658)
Nasceu em Portugal e chegou ao Brasil em 1618. Aprisionou 10 mil índios para trabalhar em sua fazenda ou vendê-los como escravos aos fazendeiros de açúcar do Nordeste. Suas expediçðes cobriram grande parte da América do Sul. Percorreu 12 mil quilômetros, enfrentando chuvas, pântanos e doenças. Partindo de São Paulo, chegou até onde hoje ficam Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Pará. Atravessou pela primeira vez a Floresta Amazônica.
Antônio Rodrigues Arzão (? - 1694)
Bandeirante paulista que foi apontado como responsável pela descoberta de ouro em Minas Gerais. Em 1693, ele liderou uma bandeira que seguia a trilha de Fernão Dias. Encontrou ouro em um ribeirão de Minas Gerais, mas foi atacado por índios e fugiu. De volta a São Paulo, contou a notícia a Bartolomeu Bueno da Silva, que seguiu para o local.
Bartolomeu Bueno da Silva (século XVII)
Em 1682, ele foi o pioneiro na exploração dos sertões de Goiás. Estava acompanhado de seu filho, Bartolomeu Bueno, de apenas 12 anos. Voltaram carregados de ouro e de índios para as lavouras paulistas. Iniciou também a primeira fase de exploração de ouro em Minas Gerais, a chamada "mineração aluvial".
Por que ele ganhou o apelido de "Anhangüera"?
Bartolomeu percebeu que um grupo de índias goiases usava enfeites de ouro em seus colares. Apanhou uma garrafa de aguardente, despejou-o numa vasilha e colocou fogo. Disse aos índios que aquilo era água e que ele tinha o poder de incendiar os rios caso não fosse levado às minas de ouro. Apavorados, os índios o apelidaram de "Anhangüera", ou diabo velho.
Bartolomeu Bueno da Silva, "O Moço" (1672-1740)
Filho de "Anhangüera". Estabeleceu-se em Sabará, Minas Gerais (1701), onde foi considerado um dos líderes da Guerra dos Emboabas. Em 1722, se propôs a colonizar a região que havia feito a fama de seu pai. Com sua bandeira reduzida de 152 para 70 homens, encontrou ouro no rio Vermelho e no ribeirão das Cabrinhas. Voltou a São Paulo para buscar ajuda. No ano de 1726, estabeleceu ali uma povoação, que seria durante muitos anos a capital do Estado de Goiás. Pelo descobrimento das minas, ganhou sesmarias, que depois lhe foram retiradas. Morreu quase na miséria.
Domingos Jorge Velho (1614-1703)
Bandeirante paulista que partiu de Taubaté e chegou ao interior do Piauí. Na sua caçada aos índios do Nordeste, perseguiu e destruiu uma série de aldeias. No Rio Grande do Norte, lutou na Guerra dos Bárbaros (1687). Seu principal feito, no entanto, foi a destruição do Quilombo dos Palmares, em 1694. A morte do líder Zumbi foi atribuída a André Furtado de Mendonça, da tropa de Velho. Era considerado por todos um homem muito rude, que falava mal o português. Comunicava-se sempre em tupi-guarani.
Manuel de Borba Gato (1628-1718)
Genro de Fernão Dias, Borba Gato fez parte de sua bandeira entre 1674 e 1681. Depois de ter sido acusado de um assassinato, ele fugiu para a região do rio Doce, em Sabará (MG). Ali descobriu ouro em Sabarabuçu e no rio das Velhas. Participou da Guerra dos Emboabas.
As descobertas de ouro e pedras preciosas no Brasil tornaram-se as mais importantes do Novo Mundo colonial. Calcula-se que, ao longo de 100 anos, se garimparam 2 milhões de quilos de ouro no país, e cerca de 2,4 milhões de quilates de diamante foram extraídos das rochas. Faltava gente para plantar e colher nas fazendas. Pelo menos 615 toneladas de ouro chegaram a Portugal até 1822. Toda essa fortuna não foi reinvestida no Brasil ou em Portugal: passou para a Inglaterra, que vinha colhendo os frutos de sua Revolução Industrial.
Os Escravos
Os portugueses iniciaram a escravização de negros no século XV, quando conquistaram a costa africana. Trocavam armas, pólvora, tecidos, espelhos, aguardente e fumo com os chefes tribais por escravos. Graças ao bom trabalho dos africanos na produção de açúcar em São Tomé e na Ilha da Madeira, outras colônias portuguesas, os senhores de engenho do Brasil exigiram a vinda de escravos negros para as suas fazendas.
Não existem números confiáveis sobre a quantidade de negros que entraram no Brasil como escravos. Os primeiros navios negreiros foram trazidos pelo português Martim Afonso de Sousa, em 1532. A contabilidade oficial estima que, entre essa data e 1850, algo como 5 milhões de escravos negros entraram no Brasil, mas alguns historiadores calculam que pode ter sido o dobro. Milhares de escravos morreram nos navios negreiros, que foram apelidados por essa causa de "tumbeiros".
Eles vieram para desempenhar todas as funções possíveis: dos trabalhos domésticos aos agrícolas, dos serviços leves aos mais pesados. Hoje, graças a uns poucos registros históricos e à herança cultural deixada aos seus descendentes, é possível traçar a origem dos negros brasileiros em três grandes grupos: os da região do atual Sudão, em que os iorubas, também chamados nagôs, predominam; os que vieram das tribos do norte da Nigéria, a maioria muçulmanos de hábitos refinados, chamados no Brasil de malês ou alufás; e, por fim, o grupo dos bantos, capturados nas colônias portuguesas de Angola e Moçambique.
Essa vergonha foi tão duradoura que o Brasil, até hoje, guarda a triste marca de ter sido o último país do Ocidente a abolir a escravidão, em 13 de maio de 1888. Também não há como calcular o impacto desses contingentes na população branca aqui estabelecida. Não temos com exatidão o número de habitantes do Brasil no período colonial. Estima-se, por exemplo, que no início do século XIX deveria estar por volta de 2,5 milhões, dos quais 2/3 seriam pessoas negras ou mestiças, excetuando-se os indígenas.
CONTINUAÇÂO/História do Brasil..............
A Vida dos Escravos
Escravos que fizeram lenda
Chico Rei
O Quilombo dos Palmares foi fundado por um grupo de escravos negros, fugidos das fazendas na região Nordeste do Brasil. Fica na Serra da Barriga, hoje Alagoas, mas na época era uma capitania de Pernambuco.
Foi o maior quilombo, em extensão, espalhando-se por vários pontos, e durou praticamente 100 anos, entre 1600 e 1695.
A população total de Palmares chegou a atingir a marca de 20 mil habitantes, o que representava 15% da população do Brasil.
A comunidade de Palmares sobrevivia criando gado e plantando mandioca e cana-de-açúcar. O alimento era distribuído igualmente entre todos os moradores, e as sobras, trocadas por sal, pólvora e armas de fogo.
Zumbi foi um dos líderes mais famosos de Palmares.
O governo português considerava "quilombo" qualquer agrupamento de "mais de 6 escravos, escapados ao senhor, vivendo juntos e ao revés da lei". O primeiro quilombo surgiu na Bahia em 1575.
Os moradores do quilombo eram chamados quilombolas. A palavra vem do tupi vem do tupi canhambora, que quer dizer "aquele que costuma fugir".
Em setembro de 2005, arqueólogos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal)encontraram panelas, urnas e outros artefatos indígenas no local onde ficava o Quilombo. A descoberta pode ser uma prova de que índios tupinambás também moravam em Palmares ou, pelo menos, faziam comércio com os negros.
Os Índios
Os Primeiros Habitantes
No início da colonização brasileira, muitos índios foram capturados e escravizados. Os colonos diziam que os índios não eram gente, mas animais, Quando os padres jesuítas chegaram ao Brasil, começaram a reverter esse quadro. Em 1537, a bula Veritas Ipsa, editada pelo papa Paulo III, declarou que os índios eram "verdadeiros seres humanos". Por isso, deveriam ter total liberdade, mesmo aqueles que ainda não tivessem se convertido ao cristianismo. Apesar da proibição, os índios continuaram sendo perseguidos por muito tempo.
O pavãozinho-do-pará é uma das aves-símbolo da Amazônia. Na mão dos índios, ele se transforma num amuleto, o mocó.Os pajés matam o pavãozinho à meia-noite de sexta-feira e o enterram numa encruzilhada. Um ano depois, no mesmo dia e horário, eles retiram os ossos e os jogam na água. Todos afundam, menos um. É o que irá se tornar o amuleto em rituais sagrados.
Em 1998, o estado de Roraima teve quase 1/4 de seu território queimado devido a uma seca que já durava três meses. Depois de frustradas tentativas de apagar o fogo, o Governo resolveu recorrer a crendice popular. Dois índios de caiapós, Kucrit e Mantii, foram levados do Mato Grosso até Boavista para executar a dança da chuva. As passagens e o hotel foram pagos pela Funai. Os dois pajés dançaram durante 40 minutos, às margens do rio Curupira, pedindo chuva ao deus Coroti. Para surpresa geral, a chuva veio e apagou a maior parte dos focos de incêndio.
A marcha carnavalesca Índio quer apito, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, foi gravada em 1961. Já Baby Consuelo estourou nas paradas com Todo dia era dia de índio em 1981.
O grão de guaraná lembra muito a figura de um olho humano. Isso deu margem a uma lenda espalhada pelos índios saterê-maué. A índia Unai teve um filho concebido por uma serpente e morto pelas flechadas de um macaco. No local em que ele foi enterrado, nasceram as primeiras plantas de guaraná. Todos os finais de novembro, os índios celebram esse acontecimento com a Festa do Guaraná, na cidade de Maués, a 270 quilômetros de Manaus.
O bairro de Palhereiros, a 50 quilômetros do centro de São Paulo (SP), é habitado por uma tribo guarani da aldeia Morro da Saudade.
Depois que o cineasta Zelito Viana filmou Terra dos índios, quatro xavantes aportaram em sua casa. Seu filho, o hoje ator Marcos Palmeira, fez amizade com eles e resolveu passar dois meses na aldeia xavante, em Mato Grosso. Cortou o cabelo igual ao dos índios, encheu-se de pulseiras e colares, caçou, pescou e foi batizado com o nome indígena de Tsiwari, que significa "sem medo". Entusiasmado com a causa indígena, Palmeira trabalhou durante um ano no Museu do Índio e visitou a aldeia dos araras, no Pará. Nessa expedição, ficou revoltado com o descaso da Funai por aquela aldeia. Voltando ao Rio, deu entrevistas denunciando a Funai, sua empregadora.
Os índios Xerentes realizam uma cerimônia para batizar suas crianças chamada Uaké. Nele, a molecada participa de uma dança em círculo enquanto recebem seus nomes, que depois é anunciado de porta em porta. Outra festa da tribo é o Padi (cujo nome significa "tamanduá"). Dois homens adultos entram pela selva e lá ficam até confeccionarem uma roupa com palha de folhas de palmeiras que cubra todo seu corpo. De volta à aldeia, eles imitam o animal enquanto os companheiros dançam ao seu redor.
Em 2004, foi realizado os Jogos Indígenas do Pará. 500 índios de 14 tribos participaram do evento, que teve competições de arco-e-flecha, cabo-de-guerra, arremesso de lança, lutas corporais, natação, canoagem, corrida de toras, maratona e atletismo. No torneio de futebol, algumas equipes apareceram para jogar com chuteiras novas, enquanto outras estavam de havaianas. O conflito foi resolvido com a determinação de que todos jogassem descalços.
Os amigos da causa indígena
Os irmãos Villasboas
Darcy Ribeiro
O antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997) foi um dos primeiros brasileiros a chamar a atenção para o estado de abandono a que os índios estavam sendo submetidos. Escreveu os livros Diários Índios: Os Urubus-Kaapor e Os Índios e a Civilização.
Foi um dos fundadores do Museu do Índio, em 1953.
Ex-ministro da Educação, ele organizou a Universidade de Brasília, da qual foi o primeiro reitor.
Atuou como chefe de gabinete do presidente João Goulart e acabou exilado depois da Revolução de 1964. Morou no Chile e no Peru. Voltou ao país depois de 14 anos, elegendo-se vice-governador do Rio de Janeiro (ao lado de Leonel Brizola) e mais tarde senador.
Marechal Rondon
Cândido Mariano da Silva nasceu em 5 de maio de 1865 em Mimoso (hoje Santo Antônio de Leverger), nas imediações de Cuiabá, Mato Grosso.
Ficou órfão de pai e mãe muito cedo. Por isso, foi criado por um tio chamado Manuel.
Em 1890, quando se formou na Escola Militar, ele conseguiu uma autorização do Ministério da Guerra para adotar o sobrenome Rondon, em homenagem ao tio que o adotara. O engraçado é que o tio Manuel também não tinha o Rondon em seu nome original. Ele só resolveu acrescentar o sobrenome materno para diferenciar-se de um rival homônimo. A patente de marechal lhe foi conferida pelo Congresso Nacional em 1955.
As missões com os índios, a demarcação de fronteiras e a construção de 5. 500 quilômetros de linhas telegráficas o levaram aos lugares mais afastados do Brasil.
Em 1910, criou o Serviço de Proteção aos Índios e, a partir daí, conseguiu pacificar tribos, como a dos botocudos e caingangues. Foi dele também, em 1952, a proposta de criação do Parque Nacional Indígena do Xingu.
Em suas expedições, Rondon colocou 12 rios no mapa brasileiro e corrigiu o traçado de vários outros. E ganhou o título de Civilizador dos Sertões.
Autor do livro Índios do Brasil, Rondon concorreu ao Prêmio Nobel da Paz de 1957. Um dos territórios mais isolados do país, Guaporé ganhou um novo nome, Rondônia, em sua homenagem.
Ele adorava ler. Mesmo quando estava no meio do sertão, ele costumava ler em cima do cavalo. Quando terminava uma folha, arrancava-a e jogava fora. Era uma maneira de ir diminuindo a carga.
Sempre começava o dia com um banho de rio às 4 da manhã.
Theodore Roosevelt, Prêmio Nobel da Paz em 1906 e ex-presidente dos Estados Unidos, resolveu percorrer o interior brasileiro entre 1913 e 1914. As autoridades pediram que Rondon traçasse o roteiro da expedição.
Já cego, ele faleceu em 19 de janeiro de 1958.
Quando chegava ao Brasil, o africano era chamado de "peça" e vendido em leilões públicos, como uma boa mercadoria: lustravam seus dentes, raspavam os seus cabelos, aplicavam óleos para esconder doenças do corpo e fazer a pele brilhar, assim como eram engordados para garantir um bom preço. Afinal, o preço mudava segundo o sexo e a idade, mas também a partir da condição física. As vendas também podiam ser feitas diretamente ao fazendeiro, por encomenda e com o preço combinado antes.
Um escravo valia mais quando era homem e adulto. Um escravo era considerado adulto quando tinha entre 12 e 30 anos. Eles trabalhavam em média das 6 horas da manhã às 10 da noite, quase sem descanso, e amadureciam muito rápido. Com 35 anos, já tinham cabelos brancos e bocas desdentadas.
Os cativos recebiam, uma vez por dia, apenas um caldo ralo de feijão. Para enriquecer um pouco a mistura, eles aproveitavam as partes do porco que os senhores desprezavam: língua, rabo, pés e orelhas. Foi assim que surgiu a feijoada.
Os escravos eram marcados nas coxas, braços, peitos e nas faces, com ferro em brasa, com as iniciais de seu senhor. O instrumento de castigo mais conhecido tenha sido o pelourinho. Símbolo do poder, cada fazenda e cada cidade possuía um aparelho desses. O escravo era amarrado pelas mãos e pelos pés e castigado publicamente para servir de exemplo.
Os escravos popularizaram o leite de coco, o azeite-de-dendê, a pimenta malagueta, o feijão-preto e o quiabo. Por volta de 1750, escravas foram para as ruas de Salvador e Rio de Janeiro para vender comidas em tabuleiros.
Muitas vezes, senhores de escravos e donos de minas se apaixonavam pelas escravas mais belas. Então, eles faziam questão de vesti-las com roupas caras e muitas jóias. Em 20 de fevereiro de 1696, o governo de Portugal proibiu que as escravas usassem vestidos de seda, de veludo ou de cambraia. Não poderiam portar também peças de ouro. A ordem não surtiu muito efeito.
Cada senhor de engenho tinha autorização para importar 120 escravos por ano da África. E havia uma lei que estipulava em 50 o número máximo de chibatadas que um escravo podia levar por dia.
O que era o "escravo de ganho"?
Era o escravo que tinha permissão de vender ou prestar serviços na rua. Em troca, ele deveria dar uma porcentagem dos ganhos a seu dono.
O Pelourinho
O Pelourinho, que hoje atrai tantos pela música e beleza arquitetônica, foi por muito tempo local de castigos cruéis e humilhações públicas.
No século XVI, a Praça Municipal da cidade de Salvador recebeu o primeiro pelourinho brasileiro. De lá ele foi transferido para o Terreiro de Jesus e, logo depois, para o Mosteiro de São Bento, por causa dos protestos dos padres jesuítas. Segundo eles, os gritos dos açoitados perturbavam as missas e cerimônias religiosas do templo. Em 1807, foi finalmente instalado no Largo do Pelourinho, onde permaneceu até a extinção desse tipo de punição, 30 anos depois.
Os pelourinhos brasileiros não eram destinados apenas aos escravos, mas também a outros infratores da lei. Construídos de madeira ou pedra, eram considerados símbolos de autoridade e justiça. Sua importância pode ser medida por um exemplo: quando se dizia que uma povoação tinha "levantado pelourinho", significava que havia subido à categoria de vila.
O Fim do Tráfico
Como o número de mortes entre os escravos era maior do que o de nascimento, havia necessidade da entrada constante de escravos no país. Além das péssimas condições de vida às quais eles estavam submetidos, a importação de homens era muito maior do que a de mulheres. Acontece que, depois de ter abolido o tráfico de escravos para suas colônias (1806-1807) e depois de ter abolido a escravidão nelas (1833), a Inglaterra passou a combater o tráfico negreiro em outras partes do mundo, até porque, sua produção, feita com mão de obra remunerada, não conseguiria competir, em preço, com a produção de países em que a mão de obra era escrava. As pressões inglesas sobre o Brasil, grande importador de escravos, se fizeram sentir desde antes de nossa independência. No entanto, o governo brasileiro, controlado pelos ricos proprietários escravocratas, não queria levar a sério as pressões. Então, os ingleses tornaram-se cada vez mais ativos no ataque aos navios negreiros.
O Brasil, apesar de humilhado, não tinha condições de enfrentar a maior potência econômico-militar do mundo, e após anos em que as relações com a Inglaterra beiraram o conflito aberto, acabou por ceder.
Por que Porto das Galinhas, em Pernambuco, tem esse nome?
O tráfego de escravos estava proibido, mas contrabandistas continuavam trazendo negros da África para os engenhos, escondidos em engradados de galinhas-d'angola. "Tem galinha nova no porto" era a senha usada para avisar a chegada de novo carregamento. O código acabou dando nome à vila de pescadores que fica a 58 quilômetros de Recife.
As Leis
1850
Lei Eusébio de Queirós
Abolia o tráfico de escravos para o Brasil, mas eles continuaram a ser trazidos clandestinamente.
1871
Lei do Ventre Livre
A lei prometia libertar os filhos de mulheres escravas nascidos a partir de 28 de setembro. Na verdade, as crianças ficavam sob o poder dos senhores. Ao completar 8 anos, eles decidiam se as manteriam como escravas até os 21 anos ou se receberiam uma indenização do Estado pela sua libertação.
1885
Lei dos Sexagenários
Também conhecida como Lei Saraiva-Cotegipe, ela libertava os escravos com mais de 60 anos, idade que raramente alcançavam. Mesmo assim, a lei ainda determinava que os escravos deveriam trabalhar gratuitamente por mais três anos para o seu proprietário. Os principais nomes da campanha abolicionista foram Castro Alves (poeta), Tobias Barreto (intelectual), José do Patrocínio (jornalista) e Joaquim Nabuco (político).
A Lei Áurea
Em 1887, um ano antes da Lei Aúrea, o Brasil tinha 723.419 escravos. Quando a princesa Isabel - filha de D. Pedro II - acabou com o cativeiro, os próprios escravos já tinham se libertado por si mesmos. Eles fugiam em massa, sem esperar pela lei oficial.
O Brasil foi o último país do mundo a abolir a escravidão e, entre a segunda metade do século XVI e 1850, ano em que acabou o comércio de escravos, mais de 3,6 milhões de africanos foram capturados e trazidos para o Brasil. É tanta gente que, até o século XVIII, 80% da população brasileira era negra e trabalho era sinônimo de escravidão.
A Lei Áurea foi assinada pela princesa Isabel, a Redentora (1841-1921), com sua caneta de ouro, no dia 13 de maio de 1888, depois de aprovada no Senado, com apenas um voto contra. Na Câmara, apresentado em 7 de maio de 1888, o projeto de abolição obteve 83 dos 92 votos a favor. É a lei mais concisa que o país já teve: "Art. 1º: É declarada extinta a escravidão no Brasil; 2º: Revogam-se as disposições em contrário".
No dia 13, aproximadamente 10 mil pessoas rodeavam o Paço ? palácio do governo no Rio de Janeiro ? à espera da princesa Isabel. Ela chegou perto das 3 horas da tarde e usava um vestido de seda de cor pérola com rendas.
Um ano depois do fim da escravidão, Rui Barbosa disse que "queria acabar com o nosso passado negro" e queimou todos os documentos sobre escravidão que encontrou.
Prós e Contras
Em 1823, d. Pedro I escreveu uma carta defendendo o fim da escravidão no Brasil, que só ocorreria 65 anos depois, com a Lei Áurea. "Ninguém ignora que o cancro que rói o Brasil é a escravatura e é mister extingui-la", escreveu. São publicados textos do imperador na imprensa da época, assinados sempre com pseudônimos, como o "Piolho Viajante". Uma carta em que a Condessa de Barral, tratando a princesa Isabel de "querida queridíssima", ensina-lhe em 22 de fevereiro de 1888, três meses antes da Abolição, que "é tolice gastar dinheiro para a libertação dos escravos". Baiana culta, Luiza Margarida Portugal de Barros, a condessa era dama de honra da imperatriz Teresa Cristina, preceptora das princesas imperiais e amante de d. Pedro II.
Escravos que fizeram lenda
Chico Rei
Galanga, monarca guerreiro e sumo-sacerdote do deus pagão Zambi-Apungo, foi capturado no Congo por mercadores portugueses. Durante a viagem, sua mulher, a rainha Djalô, e sua filha, a princesa Itulo, foram jogadas no mar pelos marujos para aplacar a fúria dos deuses da tempestade, que quase afundou o navio negreiro Madalena. Vendido como escravo, ao lado do filho Muzinga, Galanga desembarcou no Rio de Janeiro. Foi levado para Ouro Preto em 1740 e recebeu o nome de Chico Rei (1709-1781).
Depois de servir cinco anos como escravo do major Augusto de Andrade, ele comprou a sua carta de alforria. Libertou o filho e ainda comprou a mina Encardideira, supostamente esgotada. Acontece que Chico Rei encontrou ouro nela. Com o dinheiro, comprou a liberdade de 400 escravos que eram integrantes de sua corte na África e se transformou num homem rico e respeitado. Mandou construir a igreja de Santa Ifigênia para ser freqüentada pelos africanos.
A mina foi redescoberta em 1947 nos fundos de uma casa da periferia de Ouro Preto e hoje está aberta a visitação.
O que é o "ouro dos tolos"?É o nome popular que se dá à pirita, um mineral de cor amarela que os leigos pensam se tratar de ouro.
Anastácia
Ninguém sabe se de fato ela existiu ou se foi apenas um mito. Mas o fato é que a imagem da escrava Anastácia é cultuada por uma legião de fiéis. No século XIX, o explorador francês Étienne Victor Arago desenhou uma ex-princesa de origem bantu com uma espécie de mordaça de folha-de-flandres e uma corrente de ferro no pescoço. Dizia-se que Anastácia foi torturada por ter lutado pela liberdade. Recusava-se a cumprir ordens e foi brutalmente ferida. Tantos castigos a teriam purificado.
Chica da Silva
Logo que chegou ao Arraial do Tejuco (atual Diamantina), em 1753, o contratador de diamantes João Fernandes, um dos homens mais ricos e influentes da época, comprou a mulata Francisca da Silva de Oliveira de um médico português por 800 réis, o triplo do que valia um bom escravo na época.
Poucos meses depois, João Fernandes e Chica viraram amantes. Ele lhe concedeu alforria, pôs propriedades em seu nome, deu-lhe escravos e incentivou sua alfabetização.
Fernandes realizava todos os desejos da esposa. Chegou a construir um lago para que ela passeasse de barco.
Sempre cheia de jóias, Chica andava em liteira, carregada por quatro escravos, sempre acompanhada por 12 mucambas (escravas mais moças, escolhidas para os serviços caseiros ou para acompanhar pessoas da família).
Preocupada com o poder e influência da ex-escrava, a Coroa portuguesa chamou João Fernandes e não deixou que ele retornasse ao Brasil. Chica da Silva permaneceu por aqui, também numa situação confortável.
Um dos livros mais conhecidos sobre a vida da escrava é Chica que Manda, de Agripa Vasconcelos. A obra inspirou o roteiro da novela Xica da Silva, exibida em 1996 pelo canal de televisão Manchete e reprisada pela SBT em 2005.
Logo que chegou ao Arraial do Tejuco (atual Diamantina), em 1753, o contratador de diamantes João Fernandes, um dos homens mais ricos e influentes da época, comprou a mulata Francisca da Silva de Oliveira de um médico português por 800 réis, o triplo do que valia um bom escravo na época.
Poucos meses depois, João Fernandes e Chica viraram amantes. Ele lhe concedeu alforria, pôs propriedades em seu nome, deu-lhe escravos e incentivou sua alfabetização.
Fernandes realizava todos os desejos da esposa. Chegou a construir um lago para que ela passeasse de barco.
Sempre cheia de jóias, Chica andava em liteira, carregada por quatro escravos, sempre acompanhada por 12 mucambas (escravas mais moças, escolhidas para os serviços caseiros ou para acompanhar pessoas da família).
Preocupada com o poder e influência da ex-escrava, a Coroa portuguesa chamou João Fernandes e não deixou que ele retornasse ao Brasil. Chica da Silva permaneceu por aqui, também numa situação confortável.
Um dos livros mais conhecidos sobre a vida da escrava é Chica que Manda, de Agripa Vasconcelos. A obra inspirou o roteiro da novela Xica da Silva, exibida em 1996 pelo canal de televisão Manchete e reprisada pela SBT em 2005.
Herança africana na nossa língua
Ama-seca
O termo ama-seca surgiu na época da escravidão e correspondia à escrava que não amamentava. A escrava que dava de mamar era chamada de ama-de-leite.
Boçal
O termo boçal queria dizer escravo recém-chegado e que não falava português.
Nas coxas
A expressão "feito nas coxas", muito usada para designar algo mal feito, remonta à época da escravidão. As telhas dos telhados dos casarðes eram moldadas, em barro, nas coxas dos escravos. Como cada escravo tinha um tamanho de coxa diferente, surgiu a expressão.
Xilindró
Hoje significa prisão. A origem é da língua banto. Era como os escravos brasileiros chamavam seu esconderijo no mato.
A Padroeira dos Escravos
A Festa de Nossa Senhora do Rosário, a padroeira dos escravos do Brasil colonial, foi realizada pela primeira vez em Olinda (PE), no ano de 1645. A santa já era cultuada na África, levada pelos portugueses como forma de cristianizar os negros. Eles eram batizados quando saíam da África ou quando chegavam ao Brasil.
Foram criadas aqui Ordens do Rosário dos Pretos, confrarias religiosas fundadas por escravos evangelizados. Na cidade de Serro, em Minas Gerais, acontece a maior de todas as festas, na primeira semana de julho, desde 1720. A comemoração é aberta com o som triste da "caixa de assovios", uma banda formada por dois tambores e duas flautas, para lembrar o sofrimento dos escravos. Grupos se fantasiam para se lembrar a lenda de Nossa Senhora do Rosário. Ela saiu do mar e, ao ser chamada por índios, não se mexeu. O mesmo aconteceu com marinheiros brancos. A santa só atendeu aos escravos, que tocaram bem forte os seus tambores. Foi assim que ela veio para a terra.
Capoeira
A origem do esporte é polêmica. Segundo alguns historiadores, ele nasceu de um ritual angolano chamado n'golo (dança da zebra), uma competição que os rapazes das aldeias faziam para ver quem ficaria com a moça que atingisse a idade para casar. Com o tempo, a prática se transformou em exibição de habilidade e destreza. Ela se espalhou pelo mundo por intermédio dos escravos nos navios negreiros.
Um esporte fora-da-lei
Até a abolição da escravatura, a lei punia os praticantes de capoeira com penas de até 300 açoites e o calabouço. De 1890 a 1937, a capoeira era crime previsto pelo Código Penal. Uma simples demonstração na rua dava seis meses de cadeia. Gangues formadas por capoeiristas assustavam as cidades. Tanto que, em 1890, ficou instituída a deportação dos capoeiristas do Rio de Janeiro para a ilha de Fernando de Noronha. Desse modo, as escolas que existiam eram clandestinas. Até que o baiano Manoel dos Reis Machado (1900-1974), o Mestre Bimba, fundou o Centro de Cultura Física e Luta Regional, na cidade de Salvador, em 1932. Ele criou uma cara nova para o esporte. Mudou alguns movimentos, estabeleceu o uniforme branco e criou um código de comportamento. É por isso que hoje a capoeira no Brasil se divide em duas vertentes: à moda de Angola e o estilo regional. O principal representante dos angoleiros foi Vicente Ferreira Pastinha (1899-1981), o Mestre Pastinha, que deu suas primeiras aulas em 1910. Os praticantes usavam uniformes amarelo e preto, cores do Ypiranga da Bahia, seu time de coração.Em 1937, o presidente Getúlio Vargas foi ver uma exibição no Rio de Janeiro. Gostou e acabou com a proibição.
Estilos
Angola
Os capoeiristas ficam agachados na roda. Os movimentos são mais lentos e rentes ao chão. Conta mais a astúcia que a força. A música vem de três berimbaus, dois pandeiros, um atabaque, um reco-reco e um agogô.
Regional
Em pé, os praticantes acompanham a música com palmas, enquanto aguardam sua vez. Os golpes são mais velozes. Um berimbau e dois pandeiros são suficientes no fundo musical. É praticada em mais de 40 países.
Conheça a seguir alguns golpes:
Aú
Seqüência de estrelas. A primeira é as pernas estendidas e a segunda, encolhidas
Bênção
Bênção
Chute no peito do adversário
Cabeçada
Projeção do corpo para frente, o que possibilita acertar o adversário com a cabeça
Chapéu de couro
Rasteira com inversão das pernas
Martelo
Chute dado de pé. O capoerista, ereto, usa uma das pernas de apoio
Cabeçada
Projeção do corpo para frente, o que possibilita acertar o adversário com a cabeça
Chapéu de couro
Rasteira com inversão das pernas
Martelo
Chute dado de pé. O capoerista, ereto, usa uma das pernas de apoio
Parafuso
Salto que se inicia com um pontapé e termina com um giro do corpo
Rabo de arraia
Movimento em que se usa as mãos de apoio para acertar com um dos pés o rosto do adversário
Salto que se inicia com um pontapé e termina com um giro do corpo
Rabo de arraia
Movimento em que se usa as mãos de apoio para acertar com um dos pés o rosto do adversário
Berimbau
O berimbau é um instrumento de percussão trazido da África (mbirimbau). Ele só entrou na história da capoeira no século XX. Antes, o instrumento era usado pelos vendedores ambulantes para atrair os clientes. O arco vem do caule de um arbusto chamado biriba, comum no Nordeste, que é fácil de envergar. A cabaça, feita com o fruto da árvore cabaceira, funciona como caixa de ressonância. Usa-se uma baqueta (vara de madeira de 40 centímetros) e o dobrão (peça de cobre, parecendo uma moeda, com 5 centímetros de diâmetro).
O caxixi é uma espécie de chocalho, feito de palha e com fundo de couro. Dentro dele, coloca-se sementes, pedrinhas e búzios.
A palavra capoeira não é de origem africana. Ela vem do tupi (kapu'era) e tem dois significados. Pode ser mato ralo ou uma espécie de cesto para carregar animais e mantimentos.
Curiosidades
Com exceção de países africanos, o Brasil tem a maior população negra do mundo.
Após a independência de Portugal, em 1822, uma das primeiras medidas do governo foi proibir que alunos negros freqüentassem as mesmas escolas que os brancos, talvez por temer que eles pudessem transmitir doenças contagiosas.
Os negros nunca tiveram uma atitude passiva diante da escravidão. Muitos quebravam ferramentas de trabalho e colocavam fogo nas senzalas. Outros cometiam suicídio, muitas vezes comendo terra. Outros, ainda, entregavam-se ao banzo, grande tristeza que causava falta de apetite e levava à morte por inanição. A forma de comum de rebeldia, no entanto, era a fuga.
O movimento abolicionista tinha mais de 60 anos quando a Lei Áurea foi assinada, em 1888. Mobilizava muitos intelectuais da época, como escritores, políticos, juristas, e também a população de uma forma geral.
Em 1823, dom Pedro I chegou a redigir um documento defendendo o fim da escravidão no Brasil, mas a libertação só ocorreu 65 anos depois.
Com exceção de países africanos, o Brasil tem a maior população negra do mundo.
Após a independência de Portugal, em 1822, uma das primeiras medidas do governo foi proibir que alunos negros freqüentassem as mesmas escolas que os brancos, talvez por temer que eles pudessem transmitir doenças contagiosas.
Os negros nunca tiveram uma atitude passiva diante da escravidão. Muitos quebravam ferramentas de trabalho e colocavam fogo nas senzalas. Outros cometiam suicídio, muitas vezes comendo terra. Outros, ainda, entregavam-se ao banzo, grande tristeza que causava falta de apetite e levava à morte por inanição. A forma de comum de rebeldia, no entanto, era a fuga.
O movimento abolicionista tinha mais de 60 anos quando a Lei Áurea foi assinada, em 1888. Mobilizava muitos intelectuais da época, como escritores, políticos, juristas, e também a população de uma forma geral.
Em 1823, dom Pedro I chegou a redigir um documento defendendo o fim da escravidão no Brasil, mas a libertação só ocorreu 65 anos depois.
Quilombo dos Palmares
O Quilombo dos Palmares foi fundado por um grupo de escravos negros, fugidos das fazendas na região Nordeste do Brasil. Fica na Serra da Barriga, hoje Alagoas, mas na época era uma capitania de Pernambuco.
Foi o maior quilombo, em extensão, espalhando-se por vários pontos, e durou praticamente 100 anos, entre 1600 e 1695.
A população total de Palmares chegou a atingir a marca de 20 mil habitantes, o que representava 15% da população do Brasil.
A comunidade de Palmares sobrevivia criando gado e plantando mandioca e cana-de-açúcar. O alimento era distribuído igualmente entre todos os moradores, e as sobras, trocadas por sal, pólvora e armas de fogo.
Zumbi foi um dos líderes mais famosos de Palmares.
O governo português considerava "quilombo" qualquer agrupamento de "mais de 6 escravos, escapados ao senhor, vivendo juntos e ao revés da lei". O primeiro quilombo surgiu na Bahia em 1575.
Os moradores do quilombo eram chamados quilombolas. A palavra vem do tupi vem do tupi canhambora, que quer dizer "aquele que costuma fugir".
Em setembro de 2005, arqueólogos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal)encontraram panelas, urnas e outros artefatos indígenas no local onde ficava o Quilombo. A descoberta pode ser uma prova de que índios tupinambás também moravam em Palmares ou, pelo menos, faziam comércio com os negros.
Zumbi
O grande líder do Quilombo dos Palmares nasceu em 1656, em Porto Calvo (Alagoas).
Ainda pequeno, foi capturado por soldados e dado ao Padre Antônio de Melo, que o batizou de Francisco.
Durante sua infância, aprendeu Latim, Astronomia, Matemática e História da Bíblia.
Ele fugiu para o quilombo aos 15 anos de idade. Na época, Palmares era chefiada por seu tio, Ganga Zumba.
O nome Zumbi significa "grande chefe" no dialeto afro.
Em 1678, Ganga Zumba fez um acordo com o governo da Província de Pernambuco. As autoridades prometeram libertar todos os negros nascidos no quilombo e dar terras no vale do Curcaú (Pernambuco) se o quilombo fosse desfeito. Zumbi não concordou com os termos porque ele não contemplava os escravos fugidos, e resolveu permanecer no reduto. Ganga Zumba, que fugiu para Curcaú, acabou sendo assassinado. Zumbi então assumiu o comando de Palmares.
O líder ficou manco depois de ser ferido em combate.
Foi capturado porque um de seus amigos de confiança dedurou às autoridades o local onde ele estava escondido. Morto, teve sua cabeça cortada e exposta em postes para mostrar aos negros o que acontecia com quem se rebelasse contra a escravidão.
O grande líder do Quilombo dos Palmares nasceu em 1656, em Porto Calvo (Alagoas).
Ainda pequeno, foi capturado por soldados e dado ao Padre Antônio de Melo, que o batizou de Francisco.
Durante sua infância, aprendeu Latim, Astronomia, Matemática e História da Bíblia.
Ele fugiu para o quilombo aos 15 anos de idade. Na época, Palmares era chefiada por seu tio, Ganga Zumba.
O nome Zumbi significa "grande chefe" no dialeto afro.
Em 1678, Ganga Zumba fez um acordo com o governo da Província de Pernambuco. As autoridades prometeram libertar todos os negros nascidos no quilombo e dar terras no vale do Curcaú (Pernambuco) se o quilombo fosse desfeito. Zumbi não concordou com os termos porque ele não contemplava os escravos fugidos, e resolveu permanecer no reduto. Ganga Zumba, que fugiu para Curcaú, acabou sendo assassinado. Zumbi então assumiu o comando de Palmares.
O líder ficou manco depois de ser ferido em combate.
Foi capturado porque um de seus amigos de confiança dedurou às autoridades o local onde ele estava escondido. Morto, teve sua cabeça cortada e exposta em postes para mostrar aos negros o que acontecia com quem se rebelasse contra a escravidão.
Os imigrantes
Entre 1819 e 1947 quase 5 milhões de imigrantes brancos entraram no Brasil. Os estrangeiros começaram a chegar aqui antes da abolição da escravatura (1888). Mas foi só depois da promulgação da Lei Áurea que passaram a ser a empregados na lavoura, suprimindo a carência de mão-de-obra. Com passagens subsidiadas pelo governo brasileiro, vinham com a família para trabalhar nas fazendas dos barões do café. Tinham resolvido tentar a vida numa terra desconhecida, fugindo da pobreza em seus países, vítimas de conflitos internos e mais tarde dos grandes conflitos mundiais, como a Primeira Guerra Mundial.
Os Índios
Os Primeiros Habitantes
Quando o Brasil foi descoberto, em 1500, os historiadores calculam que existiam aqui entre 2 milhão e 4 milhões de índios, divididos em 1400 tribos. Havia três grandes áreas de concentração: litoral, bacia do Paraguai e bacia Amazônica. Acredita-se que seus antepassados vieram da Ásia para o continente americano há 40 mil anos. Eles atravessaram o Estreito de Bering (que liga a Sibéria ao Alasca) no período das glaciações.
O processo de extinção indígena foi iniciado pelo litoral, quando os primeiros núcleos europeus ali se estabeleceram, com matanças e escravização. As doenças trazidas pelos brancos também era um problema. Os indígenas não resistiam ao sarampo, varíola e gripe. Entre 1562 e 1563, cerca de 60 mil índios morreram por causa de duas epidemias de "peste de bexiga" (tipo de varíola).
A partir da década de 70, quando contava com 100 mil membros, a população indígena começou a crescer novamente, em uma média anual 10% acima do restante do Brasil. Em 1991 já havia 306.245 índios no país; em 1999 eram 350 mil, um crescimento de 250% nesses 30 anos. Atualmente, existem no Brasil cerca de 222 grupos (etnias) identificados que falam mais de 180 línguas diferentes (Fonte: Junho de 2005 - Instituto Socioambiental).
Canibais no Brasil
Na época em que os portugueses chegaram ao Brasil, havia no país diversas tribos de índios canibais. Entre elas estavam os tupiniquins (que habitavam a região que ia do litoral paulista ao sul da Bahia), os potiguares (no extremo nordeste e no Ceará), os caetés (na Bahia e na Paraíba), os aimorés (Espírito Santo), os goitacás (Rio de Janeiro e Espírito Santo) e os tamoios (Rio de Janeiro). Mas estes nativos não viam a carne humana como um mero petisco. Eles devoravam seus inimigos por vingança e acreditavam que, comendo seu corpo, adquiriam seu poder.
O ritual de "degustação" humana incluía um período de engorda, em que a vítima era bem tratada e alimentada. Antes de sua morte, ela recebia o privilégio de passar uma noite de amor com uma das mulheres da tribo. Depois de morto, o corpo era dividido da seguinte forma: as mulheres ficavam com a cabeça e os órgãos internos ? com os quais faziam mingau ? e os homens, com o que restava.
Relatos contam também que os tupis realizavam impressionantes cerimônias antropófagas coletivas. Homens, mulheres e crianças bebiam cauim e devoravam, animadamente, o inimigo moqueado, ou seja, assado em grelhas de varas. Até 2 mil índios celebravam o ritual comendo pequenos pedaços do corpo do prisioneiro. Se não houvesse comida para todos, as índias preparavam um caldo com os pés, mãos e tripas.
Os tamoios, por sua vez, tinham por costume permitir que o preso vingasse sua morte antes da execução. Ele recebia pedras para jogar contra os convidados, que vinham de longe para as festas. O carrasco colocava um manto de penas e matava a vítima com um golpe de borduna na nuca.
Um dos "candidatos a prato principal" mais famosos da história foi o explorador alemão Hans Staden. Ele foi capturado por tupinambás em 1554. Passou 9 meses preso, mas conseguiu escapar.
O processo de catequese promovido pelos jesuítas acabou com o canibalismo no Brasil. Hoje em dia, os ianomâmis conservam o hábito de comer as cinzas de um amigo morto em sinal de respeito e afeto.
A língua Tupi
O tupi era uma das 1.200 línguas indígenas conhecidas no ano de 1500. Até meados do século 18, tratava-se do idioma mais falado no território brasileiro. Cerca de 20 mil palavras do atual vocabulário, como amendoim, caipira, moqueca, taturana e pipoca, derivaram dele. Quando Cabral chegou ao Brasil, a língua era falada numa faixa de 4 mil quilômetros do norte do Ceará ao sul de São Paulo. O que predominava era o dialeto tupinambá, um dos cinco grandes grupos tupis. Os outros eram: tupiniquins, caetés, potiguaras e tamoios.
Os bandeirantes se comunicavam em tupi. É por isso que tantos estados, municípios e rios têm nomes de origem indígena. Veja alguns exemplos: Paraná é "mar"; Pará é "rio"; Piauí é "rio de piaus", um tipo de peixe; Sergipe é "no rio do siri"; Paraíba é "rio ruim"; Tocantins é "bico de tucano"; Curitiba é "muito pinhão"; Pernambuco é "mar com fendas".
Hoje restam 177 línguas indígenas. O antigo tupi foi uma das que desapareceram completamente. Em 1758, o marquês de Pombal, interessado em acabar com o poder da Companhia de Jesus no Brasil e em aumentar o domínio da metrópole portuguesa sobre a colônia, proibiu o ensino e o uso do tupi.
Em 1955, o presidente Café Filho obrigou todas as faculdades de letras a incluir um curso de tupi no currículo.
As reservas indígenas
Eles já foram donos de tudo. Hoje, as 559 áreas indígenas existentes no Brasil ocupam 9,89% da área total do país.
Na Amazônia, 90 mil índios vivem em 216 áreas oficialmente registradas e controladas pela Funai, somando 55,2 milhões de hectares. Cerca de 20 mil ianomamis ocupam duas grandes reservas na fronteira do Brasil com a Venezuela, demarcadas em 1993, depois que 16 deles foram mortos num conflito com garimpeiros. Na reserva que fica do lado brasileiro e que tem o tamanho de Portugal, vivem outros 10 mil ianomamis. Os 2 mil caiapós, divididos em cinco aldeias e espalhados em cerca de 32.000 quilômetros quadrados, são considerados os índios mais ricos do país. As aldeias dos gorotirés, no sul da reserva, e dos kikretuns, no norte, têm no garimpo de ouro sua maior fonte de renda.
O Parque Nacional do Xingu é uma das maiores áreas indígenas da América Latina, com 26 mil quilômetros quadrados (quase o tamanho do Estado de Alagoas). Fica na fronteira do Mato Grosso com o Pará. Criado em 1961 para garantir melhores condições de vida e a posse da terra à população indígena local, o Parque Nacional do Xingu abriga hoje 4 mil índios de 15 grupos diferentes.
Pelo Código Civil, o índio não tem direito à propriedade da terra das reservas. Ele tem a posse e o direito de usar o que nela existir (água, flora, fauna e minérios).
Curiosidades
No início da colonização brasileira, muitos índios foram capturados e escravizados. Os colonos diziam que os índios não eram gente, mas animais, Quando os padres jesuítas chegaram ao Brasil, começaram a reverter esse quadro. Em 1537, a bula Veritas Ipsa, editada pelo papa Paulo III, declarou que os índios eram "verdadeiros seres humanos". Por isso, deveriam ter total liberdade, mesmo aqueles que ainda não tivessem se convertido ao cristianismo. Apesar da proibição, os índios continuaram sendo perseguidos por muito tempo.
O pavãozinho-do-pará é uma das aves-símbolo da Amazônia. Na mão dos índios, ele se transforma num amuleto, o mocó.Os pajés matam o pavãozinho à meia-noite de sexta-feira e o enterram numa encruzilhada. Um ano depois, no mesmo dia e horário, eles retiram os ossos e os jogam na água. Todos afundam, menos um. É o que irá se tornar o amuleto em rituais sagrados.
Em 1998, o estado de Roraima teve quase 1/4 de seu território queimado devido a uma seca que já durava três meses. Depois de frustradas tentativas de apagar o fogo, o Governo resolveu recorrer a crendice popular. Dois índios de caiapós, Kucrit e Mantii, foram levados do Mato Grosso até Boavista para executar a dança da chuva. As passagens e o hotel foram pagos pela Funai. Os dois pajés dançaram durante 40 minutos, às margens do rio Curupira, pedindo chuva ao deus Coroti. Para surpresa geral, a chuva veio e apagou a maior parte dos focos de incêndio.
A marcha carnavalesca Índio quer apito, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, foi gravada em 1961. Já Baby Consuelo estourou nas paradas com Todo dia era dia de índio em 1981.
O grão de guaraná lembra muito a figura de um olho humano. Isso deu margem a uma lenda espalhada pelos índios saterê-maué. A índia Unai teve um filho concebido por uma serpente e morto pelas flechadas de um macaco. No local em que ele foi enterrado, nasceram as primeiras plantas de guaraná. Todos os finais de novembro, os índios celebram esse acontecimento com a Festa do Guaraná, na cidade de Maués, a 270 quilômetros de Manaus.
O bairro de Palhereiros, a 50 quilômetros do centro de São Paulo (SP), é habitado por uma tribo guarani da aldeia Morro da Saudade.
Depois que o cineasta Zelito Viana filmou Terra dos índios, quatro xavantes aportaram em sua casa. Seu filho, o hoje ator Marcos Palmeira, fez amizade com eles e resolveu passar dois meses na aldeia xavante, em Mato Grosso. Cortou o cabelo igual ao dos índios, encheu-se de pulseiras e colares, caçou, pescou e foi batizado com o nome indígena de Tsiwari, que significa "sem medo". Entusiasmado com a causa indígena, Palmeira trabalhou durante um ano no Museu do Índio e visitou a aldeia dos araras, no Pará. Nessa expedição, ficou revoltado com o descaso da Funai por aquela aldeia. Voltando ao Rio, deu entrevistas denunciando a Funai, sua empregadora.
Os índios Xerentes realizam uma cerimônia para batizar suas crianças chamada Uaké. Nele, a molecada participa de uma dança em círculo enquanto recebem seus nomes, que depois é anunciado de porta em porta. Outra festa da tribo é o Padi (cujo nome significa "tamanduá"). Dois homens adultos entram pela selva e lá ficam até confeccionarem uma roupa com palha de folhas de palmeiras que cubra todo seu corpo. De volta à aldeia, eles imitam o animal enquanto os companheiros dançam ao seu redor.
Em 2004, foi realizado os Jogos Indígenas do Pará. 500 índios de 14 tribos participaram do evento, que teve competições de arco-e-flecha, cabo-de-guerra, arremesso de lança, lutas corporais, natação, canoagem, corrida de toras, maratona e atletismo. No torneio de futebol, algumas equipes apareceram para jogar com chuteiras novas, enquanto outras estavam de havaianas. O conflito foi resolvido com a determinação de que todos jogassem descalços.
Brincadeiras
Bibolquês
Consiste em uma bola com um furo ligada a por uma corda a um bastão. O objetivo é encaixar a tal bolinha no bastão a atirando para o ar. Os índios fabricam o brinquedo com castanha da floresta.
Jogo de estratégia parecido com o jogo de damas. Uma pessoa assume o papel da onça, que tem que capturar 5 cachorros, representados pelo adversário. Os cachorros, por sua vez, precisam encurralar a onça (deixá-la sem condições de se movimentar). Ganha quem cumprir seu objetivo primeiro. A partida é disputada em um tabuleiro quadriculado desenhado no chão.
Tidymure
Espécie de boliche praticado apenas pelas meninas. No centro da aldeia, é montada uma pista retangular com uma vareta de bambu em cada ponta. Os jogadores têm que derrubar o maior número de varetas usando uma bola (que entre os índios é a fruta do marmeleiro).
Sucuri
Jogo encontrado na tribo bororos, da aldeia Meruri. Traça-se no chão um rastro. O participante tem que andar sobre ele em um pé só.
Dicionário
Pajelança
Ritual no qual o pajé, após beber a aguardente (tafiá), invoca a mãe do lago, a boiúna e outros animais, pedindo orientação para a cura do paciente. Muitas vezes o bicho que incorpora no pajé não tem a solução e por isso sugere a ele outro bicho, mais sabido. Durante a pajelança muitas vezes o pajé dança, construindo uma interessante mímica do animal que incorporou.
Piroga
Embarcação indígena, feita de um tronco de árvore escavado a fogo.
Tacape
Arma utilizada pelos índios. Ela lembra uma machadinha.
Funai
Em 1910, o Marechal Cândido Rondon criou o SPI (Serviço de Proteção ao Índio). Os indígenas passaram a ter direito à posse da terra e seus costumes eram respeitados. A entidade foi substituída pela Funai (Fundação Nacional do Índio). O órgão federal que cuida hoje das nações indígenas brasileiras foi criado em 5 de dezembro de 1967.
Existem 215 grupos identificados. Mas os dez mais numerosos representam 43% de todo o contingente indígena brasileiro, que reúne 325.652 indivíduos. A maior parte (89.529) mora na Amazônia.
A Funai calcula que, além das 270 tribos já conhecidas, há em torno de 55 grupos totalmente isolados, todos em áreas remotas da Amazônia. Em junho de 1998, na divisa do Brasil com o Peru, uma equipe da Funai vislumbrou entre a copa das árvores doze construções alongadas, com cerca de 15 metros de comprimento cada. Eram as malocas de uma tribo indígena até então completamente desconhecida. Estima-se que ali viva um grupo de 200 pessoas, mas ninguém sabe que nome dão à tribo, que língua falam, a que etnia pertencem e quais são seus hábitos e costumes.
A Amazônia é a última região do planeta onde ainda vivem grupos humanos desconhecidos. Vivem em estágio bastante primitivo, caçando, pescando e, em alguns casos, cultivando pequenas roças. Essas tribos recebem da Funai a vaga denominação de "índios isolados".
Os hábitos
Ótimos caçadores, os índios usam o fogo para tirar o animal da toca e constróem esconderijos no alto das árvores para esperar a caça. O contato com a civilização, porém, alterou a forma dos índios caçarem. Hoje alguns usam espingardas.
Algumas tribos gostam mais de pescar do que caçar. Para isso, eles usam vegetais (tigui ou timbó) para atrair e atordoar o peixe. Depois agarram o peixe com as mãos. Costumam também atingi-lo com flechas de ponta de osso. A civilização também já ensinou algumas tribos a utilizar varas de pescar e anzóis industrializados.
Os índios brasileiros adoram carne de macaco, considerada um prato muito especial. Quanto mais novo o macaco for abatido, mais macia é a carne. Os miolos são retirados e misturados a um molho ou pão. Os cérebros são ricos em gordura e proteína.
Algumas espécies de larvas de besouro, como as que vivem em tronco de coqueiros, são consumidas entre os índios brasileiros.
O arco e a flecha são o tipo de arma mais conhecido dos índios. Existem também o tacape, a borduna (porrete), o chuço (pau com uma ponta afiada feita de osso) e a zarabatana (longo canudo usado para disparar setas com a força de um soprão).
As ocas são compartilhadas por famílias de até 40 pessoas. Filhos, genros, noras, netos moram juntos, na maloca do patriarca.
Os índios jamais batem nos filhos.
Os casamentos ainda são arranjados. Ao entrar na puberdade, a garota fica reclusa durante um ano e depois é apresentada aos pretendentes numa festa. Em casa, ouve lições das mulheres mais velhas, aprimora técnicas de artesanato, ajuda a cuidar dos bebês da família.
Algumas tribos aceitam a poligamia. Outras só permitem que o chefe tenha várias mulheres.
Uma das modalidades esportivas mais apreciadas pelos índios é a corrida com toras de buriti. Nessa prova, dez índios se revezam carregando toras de madeira com mais de 100 quilos.
Os índios só identificavam os números 1, 2, 3, 4 e "muitos". Para dizer que dez jacarés estavam no rio, diziam "minhas mãos". Vinte, "minhas mãos e meus pés".
Ótimos caçadores, os índios usam o fogo para tirar o animal da toca e constróem esconderijos no alto das árvores para esperar a caça. O contato com a civilização, porém, alterou a forma dos índios caçarem. Hoje alguns usam espingardas.
Algumas tribos gostam mais de pescar do que caçar. Para isso, eles usam vegetais (tigui ou timbó) para atrair e atordoar o peixe. Depois agarram o peixe com as mãos. Costumam também atingi-lo com flechas de ponta de osso. A civilização também já ensinou algumas tribos a utilizar varas de pescar e anzóis industrializados.
Os índios brasileiros adoram carne de macaco, considerada um prato muito especial. Quanto mais novo o macaco for abatido, mais macia é a carne. Os miolos são retirados e misturados a um molho ou pão. Os cérebros são ricos em gordura e proteína.
Algumas espécies de larvas de besouro, como as que vivem em tronco de coqueiros, são consumidas entre os índios brasileiros.
O arco e a flecha são o tipo de arma mais conhecido dos índios. Existem também o tacape, a borduna (porrete), o chuço (pau com uma ponta afiada feita de osso) e a zarabatana (longo canudo usado para disparar setas com a força de um soprão).
As ocas são compartilhadas por famílias de até 40 pessoas. Filhos, genros, noras, netos moram juntos, na maloca do patriarca.
Os índios jamais batem nos filhos.
Os casamentos ainda são arranjados. Ao entrar na puberdade, a garota fica reclusa durante um ano e depois é apresentada aos pretendentes numa festa. Em casa, ouve lições das mulheres mais velhas, aprimora técnicas de artesanato, ajuda a cuidar dos bebês da família.
Algumas tribos aceitam a poligamia. Outras só permitem que o chefe tenha várias mulheres.
Uma das modalidades esportivas mais apreciadas pelos índios é a corrida com toras de buriti. Nessa prova, dez índios se revezam carregando toras de madeira com mais de 100 quilos.
Os índios só identificavam os números 1, 2, 3, 4 e "muitos". Para dizer que dez jacarés estavam no rio, diziam "minhas mãos". Vinte, "minhas mãos e meus pés".
Índios que fizeram história
Aimberê
Líder tupinambá que enfrentou os portugueses na Confederação dos Tamoios no século 16.
Ajuricaba
O índio Ajuricaba é o símbolo de Manaus. Chefe dos manaus e maiapenas, ele liderou o ataque contra os portugueses, que enviaram "expedições de resgate" para colonizar a região e aprisionar índios, entre 1723 e 1727. Os portugueses diziam que ele tinha se aliado aos holandeses. Preso, a caminho de Belém, preferiu se matar a se tornar escravo. Jogou-se nas águas do Rio Pará e morreu afogado.
Araribóia
Índio morubixaba, da região do Espírito Santo. Ao lado de Mem de Sá e Estácio de Sá, ele lutou contra os franceses e os tamoios que haviam invadido o Rio de Janeiro (1560-1567). Como recompensa, ganhou uma sesmaria onde hoje é Niterói (RJ). Seu nome significa ?cobra feroz?
Bartira
Foi a índia que conquistou o coração do colonizador João Ramalho, náufrago que ela encontrou na costa brasileira no século 16. A paixão entre os dois foi tão grande que ele se esqueceu da mulher que havia deixado em Portugal para se casar com Bartira numa cerimônia indígena. Eles já tinham oito filhos quando o padre Manuel da Nóbrega os casou na Igreja. Bartira foi batizada com o nome Isabel Dias.
Caramuru
A caminho das Índias, o português Diogo Álvares Correia (1475-1557) naufragou nas costas da Baía de Todos os Santos em meados de 1509. Foi encontrado pelos índios tupinambás, desacordado e envolto em algas marinhas. Ganhou o apelido de Caramuru, nome que os índios dão a um peixe chamado moréia. Os índios pensaram em devorá-lo, mas Caramuru foi salvo por Paraguaçu, filha do morubixaba (chefe) da tribo, que se casou com ele. Nos destroços do barco afundado, ele encontrou um arcabuz e muita pólvora. Diante dos índios, ele disparou um tiro e acertou um pássaro. Passou a ser respeitado, então, como o "homem do fogo". Como conhecia a língua e os costumes, ajudou Tomé de Sousa e os jesuítas na catequese da tribo. A filha de Caramuru, Madalena, foi a primeira mulher a brasileira a aprender a ler e escrever.
Cunhambebe
Apoiado por todos os chefes tamoios, de Cabo Frio (RJ) a Bertioga (SP), o tupinambá Cunhambebe foi uma barreira de resistência contra a dominação portuguesa. Conseguia reunir até 5 mil homens para as batalhas. Sua aldeia, que ficava perto de Angra dos Reis, tinha seis canhões roubados das caravelas que saqueava. Participou das negociações para o armistício de Iperoig. Foi convertido e batizado pelo jesuíta José de Anchieta. Como aliado dos franceses que invadiram o Rio de Janeiro, em 1555, ele teve um fim trágico. Morreu de peste bubônica, trazida pelos invasores.
Poti
Índio da tribo Potiguar, nascido em 1600. Quando foi batizado, em 1614, adotou o nome Antônio Filipe Camarão. O Filipe foi uma homenagem ao rei da Espanha, e Camarão é a tradução de Poti, seu nome indígena. Ele foi o herói na vitória sobre os invasores holandeses na Bahia (1624) e em Pernambuco (1630), comandando um grande grupo de índios. Morreu numa batalha em Guararapes (1648). Em reconhecimento ao seu esforço, o governo português lhe concedeu o título honorífico de "dom" e o transformou em governador e capitão-mor de todos os índios da costa do Brasil, desde o Rio São Francisco até o Maranhão.
SepéTiaraju
O Monumento ao Índio Guarani, erguido em Santo Ângelo (RS), é uma homenagem a Sepé Tiaraju, que defendeu a região contra os espanhóis no século 18.
Tibiriçá
Cacique da tribo dos guaianás, foi catequizado pelo padre José de Anchieta. Adotou o nome de Martim Afonso. Deu apoio aos colonos da vila de São Vicente durante o governo de Duarte da Costa. Depois, em 1562, ajudou a defender a vila de São Paulo de um ataque de parte dos índios guaianás. Era pai da índia Bartira.
Os amigos da causa indígena
Os irmãos Villasboas
A primeira expedição ao Alto Xingu foi feita pelo alemão Karl Von Steinen, em 1884, mas só a partir de 1944, durante o governo de Getúlio Vargas, que o homem branco começou a desbravar a região. A Expedição Roncador-Xingu foi organizada pelo governo para abrir estradas e construir campos de pouso numa região praticamente inexplorada. Em 1946, os irmãos Leonardo, Cláudio e Orlando Villasboas passaram a integrar as expedições e se dedicar à pacificação e proteção aos índios. O empenho deles provocou a criação do Parque Nacional do Xingu.
Darcy Ribeiro
O antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997) foi um dos primeiros brasileiros a chamar a atenção para o estado de abandono a que os índios estavam sendo submetidos. Escreveu os livros Diários Índios: Os Urubus-Kaapor e Os Índios e a Civilização.
Foi um dos fundadores do Museu do Índio, em 1953.
Ex-ministro da Educação, ele organizou a Universidade de Brasília, da qual foi o primeiro reitor.
Atuou como chefe de gabinete do presidente João Goulart e acabou exilado depois da Revolução de 1964. Morou no Chile e no Peru. Voltou ao país depois de 14 anos, elegendo-se vice-governador do Rio de Janeiro (ao lado de Leonel Brizola) e mais tarde senador.
Marechal Rondon
Cândido Mariano da Silva nasceu em 5 de maio de 1865 em Mimoso (hoje Santo Antônio de Leverger), nas imediações de Cuiabá, Mato Grosso.
Ficou órfão de pai e mãe muito cedo. Por isso, foi criado por um tio chamado Manuel.
Em 1890, quando se formou na Escola Militar, ele conseguiu uma autorização do Ministério da Guerra para adotar o sobrenome Rondon, em homenagem ao tio que o adotara. O engraçado é que o tio Manuel também não tinha o Rondon em seu nome original. Ele só resolveu acrescentar o sobrenome materno para diferenciar-se de um rival homônimo. A patente de marechal lhe foi conferida pelo Congresso Nacional em 1955.
As missões com os índios, a demarcação de fronteiras e a construção de 5. 500 quilômetros de linhas telegráficas o levaram aos lugares mais afastados do Brasil.
Em 1910, criou o Serviço de Proteção aos Índios e, a partir daí, conseguiu pacificar tribos, como a dos botocudos e caingangues. Foi dele também, em 1952, a proposta de criação do Parque Nacional Indígena do Xingu.
Em suas expedições, Rondon colocou 12 rios no mapa brasileiro e corrigiu o traçado de vários outros. E ganhou o título de Civilizador dos Sertões.
Autor do livro Índios do Brasil, Rondon concorreu ao Prêmio Nobel da Paz de 1957. Um dos territórios mais isolados do país, Guaporé ganhou um novo nome, Rondônia, em sua homenagem.
Ele adorava ler. Mesmo quando estava no meio do sertão, ele costumava ler em cima do cavalo. Quando terminava uma folha, arrancava-a e jogava fora. Era uma maneira de ir diminuindo a carga.
Sempre começava o dia com um banho de rio às 4 da manhã.
Theodore Roosevelt, Prêmio Nobel da Paz em 1906 e ex-presidente dos Estados Unidos, resolveu percorrer o interior brasileiro entre 1913 e 1914. As autoridades pediram que Rondon traçasse o roteiro da expedição.
Já cego, ele faleceu em 19 de janeiro de 1958.
Religião
O líder religioso dos grupos indígenas é o pajé ou xamã. Ele comanda as manifestações, ritos e práticas que buscam estabelecer contato entre o mundo material e o sobrenatural. Nelas, são invocados poderes mágicos que auxiliem na cura de doenças. Por isso, o pajé também é considerado um homem sábio, sendo muitas vezes consultado em questões importantes da tribo.A palavra xamã, na verdade, não está relacionada aos índios. O primeiro documento que menciona é originário da Sibéria. Servia para designar as pessoas com aptidões sobrenaturais de um feiticeiro. Acabou sendo usada para nomear os curandeiros indígenas.
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